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Eleições em Portugal: centro-direita tem vitória apertada, enquanto extrema-direita cresce

O partido de extrema-direita Chega levou 18% dos votos, um salto em relação a 2022, quando conseguiu apenas 7%

Luís Montenegro: líder da Aliança Democrática negou que vá negociar com o Chega, de extrema-direita

Luís Montenegro: líder da Aliança Democrática negou que vá negociar com o Chega, de extrema-direita

Publicado em 11 de março de 2024 às 06h12.

A coligação de centro-direita Aliança Democrática (AD) obteve uma vitória apertada nas eleições parlamentares de Portugal no último domingo, 10. Conseguiu 29,5% dos votos, enquanto o Partido Socialista ganhou 28,7%. O partido de extrema-direita Chega levou 18% dos votos, um salto em relação a 2022, quando conseguiu apenas 7%. 99% dos votos foram contados. 

O líder da AD, Luís Montenegro, no entanto, negou que vá pactuar com o Chega. “Eu nunca faria um mal tão grande a mim mesmo, ao meu partido e ao meu país ao não cumprir os compromissos que fiz tão claramente", disse nesta segunda-feira. Durante a campanha, Montenegro descreveu as opiniões do Chega como "muitas vezes" racistas e xenófobas.

O Chega, liderado André Ventura, um ex-seminarista, comentarista de futebol e admirador do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, pode se tornar o fiel da balança em um parlamento dividido. O principal partido da Aliança Democrática, o Partido Social Democrata (PSD), tem se revezado no poder com o atual incumbente, o Partido Socialista, desde a queda da ditadura em Portugal, em 1974.

A votação de domingo foi convocada após a renúncia do primeiro-ministro António Costa em novembro, depois de uma investigação de corrupção sobre a gestão do governo em grandes projetos de investimento. 

Além da corrupção, a crise habitacional no país foi outra pauta durante a campanha. O Partido Socialista, de centro-esquerda, está no poder desde o final de 2015, e Portugal cresceu a taxas anuais sólidas acima de 2%, com superávits orçamentários.

O líder do PSD, Montenegro, buscou apresentar sua aliança como uma opção mais segura do que o Chega. Enquanto isso, o Chega tem advogado por penas mais duras para criminosos, bem como por uma política de imigração mais restrita em Portugal.

Um dos membros do Chega disse recentemente ser "fascista", mas depois afirmou que estava sendo irônico com o comentário. Enquanto isso, o líder Ventura foi condenado por fazer comentários racistas. No entanto, ele se disse aberto a negociar com os ganhadores.

“Estamos disponíveis para fornecer um governo estável em Portugal”, disse ele. "A AD pediu uma maioria. Hoje os portugueses se manifestaram e disseram que querem um governo bipartidário da AD e do Chega."

“Entendo que o PS não se identifique com o programa que vamos apresentar", disse Montenegro. "O que pedimos ao PS é que respeite a vontade do povo português. O que espero é que o PS e o Chega não se aliem para derrubar o governo.”

Agora cabe ao presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, nomear um novo primeiro-ministro, o que provavelmente fará após consultar os partidos nos próximos dias. O candidato escolhido pode levar algumas semanas para tentar formar uma base de governo.

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