Mundo

'Ele mirou em mim': os arrepiantes testemunhos dos sobreviventes no Texas

Crianças sobreviventes ao massacre de Uvalde deram primeiros depoimentos neste sábado. Atirador matou 19 alunos e duas professoras em escola

Criança em homenagem às vítimas de Uvalde: vítimas eram da quarta série do ensino fundamental (AFP/AFP)

Criança em homenagem às vítimas de Uvalde: vítimas eram da quarta série do ensino fundamental (AFP/AFP)

A

AFP

Publicado em 28 de maio de 2022 às 15h48.

Às vésperas da visita do presidente Joe Biden, os primeiros depoimentos de crianças sobreviventes do massacre de Uvalde foram ouvidos neste sábado, 28, descrevendo o horror na escola no Texas, onde um jovem atirador matou 19 alunos e dois professores.

No dia anterior, as autoridades do Texas haviam admitido que a polícia havia tomado uma "decisão errada" ao não entrar correndo na escola depois de ser alertada.

Assine a EXAME e fique por dentro das principais notícias do Brasil e do mundo. Tudo por menos de R$ 0,37/dia.

Na terça-feira, a polícia levou cerca de uma hora para pôr fim ao massacre, apesar de vários telefonemas de crianças pedindo uma intervenção.

VEJA TAMBÉM: Por que massacre no Texas não deve mudar lei contra armas nos EUA

Os 19 agentes que se encontravam no local aguardavam a intervenção de uma unidade especializada da polícia de fronteira.

Lá dentro, um grupo de alunos estava trancado em uma sala de aula com o atirador, Salvador Ramos, de apenas 18 anos e equipado com fuzil semiautomático e colete tático.

Ao entrar na sala de aula, Ramos fechou a porta e se dirigiu às crianças: "Vocês todos vão morrer", antes de abrir fogo, disse um sobrevivente, Samuel Salinas, de 10 anos, ao canal ABC na sexta-feira.

"Acho que ele estava mirando em mim", confessou o menino, mas uma cadeira entre ele e o atirador bloqueou a bala.

Deitado no chão da sala de aula coberto de sangue, Samuel Salinas fingiu-se de morto para não ser alvo dos tiros.

"Manter la calma"

Ao seu lado, Miah Cerrillo, de 11 anos, tentou escapar da mesma forma à atenção de Salvador Ramos.

A menina se cobriu com o sangue de um parceiro, cujo corpo estava ao lado dela, explicou à CNN, em um depoimento não filmado. Ela tinha acabado de ver o adolescente matar sua professora.

VEJA TAMBÉM: Marido de professora morta no Texas morre de infarto e deixa 4 filhos

Outro estudante, Daniel, disse ao jornal Washington Post que enquanto as vítimas esperavam a polícia vir em seu socorro, ninguém gritou.

"Fiquei assustado e estressado, porque as balas quase me atingiram", disse. Seu professor, que ficou ferido no ataque, mas sobreviveu, sussurrou para os alunos "ficarem calmos" e "ficarem quietos".

Uma menina, também baleada, pediu educadamente à professora que chamasse a polícia, dizendo que estava "sangrando muito", disse Daniel, que não consegue mais dormir sozinho e tem pesadelos.

As crianças que sobreviveram "estão traumatizadas e terão que conviver com isso por toda a vida", disse sua mãe, Briana Ruiz.

VEJA TAMBÉM: Trump pede que cidadãos se armem contra 'o mal' após massacre no Texas

Samuel Salinas também afirmou que teve pesadelos, nos quais viu o atirador. A ideia de voltar para a escola, ou mesmo ver os colegas novamente, ainda é aterrorizante.

"Eu realmente não estou com vontade", confessou, acrescentando que queria "ficar em casa" e "descansar".

Pressionado por repórteres para explicar seu tempo de resposta muito criticado, Steven McCraw, diretor do Departamento de Segurança Pública do Texas, disse na sexta-feira que a polícia acreditou que "poderia não haver mais sobreviventes".

No entanto, a polícia recebeu inúmeras ligações de várias pessoas das duas salas invadidas, incluindo uma de uma criança às 12h16, mais de meia hora antes da intervenção policial às 12h50, alertando que "entre oito e nove alunos estavam vivos ", admitiu McCraw.

Acompanhe tudo sobre:ArmasEstados Unidos (EUA)MassacresTexas

Mais de Mundo

Pelo menos seis mortos e 40 feridos em ataques israelenses contra o Iêmen

Israel bombardeia aeroporto e 'alvos militares' huthis no Iêmen

Caixas-pretas de avião da Embraer que caiu no Cazaquistão são encontradas

Morre o ex-primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, aos 92 anos