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EI abre cinema que mostra atrocidades à população de Mossul

Cinema ao ar livre mostra vídeos de execuções do Estado Islâmico e aterroriza habitantes da cidade de Mossul


	Jihadistas fazem sinal de vitória na cidade de Mossul, ao norte do Iraque
 (Reuters)

Jihadistas fazem sinal de vitória na cidade de Mossul, ao norte do Iraque (Reuters)

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Da Redação

Publicado em 23 de setembro de 2014 às 16h11.

Mossul - O grupo jihadista Estado Islâmico (EI) abriu um "cinema" ao ar livre para mostrar os vídeos de suas execuções e aterrorizar os habitantes da cidade de Mossul (norte do Iraque), que está sob o controle da organização extremista desde junho.

O macabro espetáculo começou na semana passada, no meio das florestas situadas nas margens do rio Tigre, o único lugar que as pessoas da cidade têm para descansar da repressão e das tensões causadas pela ocupação do EI.

Um grande número de jovens, crianças e famílias se aglomerou no local e esperou com impaciência para ver o programa que os extremistas haviam preparado nas grandes telas que tinham instalado.

O evento começou com a abertura das cortinas, seguido de hinos religiosos que encorajavam as pessoas a se unirem à guerra.

Depois, os espectadores ficaram horrorizados ao ver que os vídeos mostravam cenas de diversos tipos de execuções protagonizadas pelos carrascos do Estado Islâmico, entre elas degolamentos, decapitações e assassinatos de reféns.

O vídeo que mais impactou os espectadores, pela quantidade de sangue, foi a execução do jornalista britânico David Haines, que foi degolado por um homem encapuzado com uma faca.

"As cenas sangrentas que eu e minha família vimos são inacreditáveis. Meu filho pequeno, de quatro anos, me perguntou: "Papai, Por que esse homem degola essa pessoa?" O que escutei do meu filho me deixou sem palavras, não soube responder", disse à Efe um morador de Mossul, identificado como Mohammed Sobhi Yaralá.

Para ele, o objetivo do Estado Islâmico com a exibição desses vídeos é "fazer a população entender que os degolamentos, os assassinatos e os maus-tratos são as consequências para quem se opor ao grupo".

Com os filmes, os combatentes do EI esperam que a população de Mossul mantenha "fresca" na memória a crueldade das ações que o grupo comete contra os inimigos. A estratégia coincide com a formação de uma coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos para lutar contra a organização.

Na segunda-feira, o porta-voz do grupo, Abu Mohammed al Adnani, ordenou aos integrantes do EI o assassinato dos cidadãos dos países participantes da aliança.

Para o sociólogo Emar Yafar, os métodos usados pelos jihadistas são uma tentativa de acostumar Mossul à maneira que o grupo atua há vários anos.

"Também recrutam crianças e mulheres para o mesmo projeto, que é o terrorismo que mostram nas telas, e que também servirá para desacreditar a população sobre qualquer chance de recuperar a liberdade", afirma Yafar.

O especialista considera que "o EI compreende que filmes desse tipo aumentam o terror no povo de Mossul e tiram o último fio de esperança que lhes resta; o objetivo da campanha é minar o lado psicológico dos jovens e adultos".

Na campanha do terror dirigida à população local, os jihadistas abriram recentemente centros de informação em muitas zonas de Mossul, especialmente nas mais populosas, revela o ativista Mohammed Hashem.

Esses pontos são administrados por três ou quatro pessoas vestidas ao estilo afegão, que distribuem comunicados e instruções do chamado Tribunal Islâmico, criado pelo grupo para a implantação de sua versão radical do Islã.

Além disso, o grupo também trasmite em grandes telas as operações militares feitas pelo Estado Islâmico em diversas regiões do Iraque.

"Essa organização tenta ganhar o apoio dos habitantes para que estes se apresentem como voluntários e lutem com o grupo, especialmente os adolescentes e menores de idade, levando em conta a alta taxa de desemprego em Mossul devido ao cerco imposto à cidade", conclui Hashem.

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