Egípcios protestam contra o presidente Mohammed Mursi: os protestos ocorrem um dia após Mursi ter emitido emendas constitucionais por decretos que reforçam o próprio poder (REUTERS)
Da Redação
Publicado em 23 de novembro de 2012 às 15h04.
Cairo - Confrontos eclodiram entre críticos e simpatizantes do presidente egípcio, Mohammed Mursi, em várias cidades do Egito nesta sexta-feira, após o líder egípcio ter assumido novos poderes. Na quinta-feira, Mursi aumentou os próprios poderes por decreto e isso o colocou acima da supervisão do judiciário. Em Alexandria, populares furiosos invadiram e incendiaram a sede do partido islamita de Mursi, o da Justiça e Liberdade. Pelo menos 15 pessoas ficaram feridas em Alexandria. No Cairo, uma multidão voltou a ocupar a praça Tahrir contra as medidas de Mursi. A oposição afirma que Mursi quer governar como ditador.
Mursi discursou nesta sexta-feira para milhares de partidários. Segundo ele, as medidas foram tomadas para frear os "carunchos" e "insetos" do antigo regime de Hosni Mubarak, derrubado em fevereiro de 2011, que estariam atrasando o progresso do Egito. Ele acusou alguns juízes de planejarem dissolver a Câmara Alta, a qual blindou de dissolução com o decreto de ontem. "Existem alguns carunchos que estão comendo a nação egípcia" disse.
Confrontos semelhantes aconteceram também nas cidades de Assuã e Gizé. Em outras três cidade do canal de Suez, os manifestantes atearam fogo nos escritórios da Irmandade Muçulmana, ao qual Mursi é ligado. A União Europeia emitiu um comunicado no qual pediu a Mursi que "respeite o processo democrático" no Egito.
"É da maior importância que o processo democrático seja completo de acordo com os compromissos tomados pela liderança egípcia", disse Michael Mann, porta-voz da chefe de política externa da UE, Catherine Ashton.
Os protestos ocorrem um dia após Mursi ter emitido emendas constitucionais por decretos que reforçam o próprio poder da presidência e dão imunidade aos parlamentares que redigem a nova Constituição do país. As medidas, afirma a oposição, reduzirão os direitos dos egípcios seculares, da minoria cristã e das mulheres.
As emendas blindam qualquer tentativa do judiciário de dissolver o painel constituinte, dominado por políticos islamitas, e reabrem os julgamentos dos ex-funcionários públicos do regime de Hosni Mubarak.
As informações são da Associated Press e da Dow Jones.