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Egípcios usavam caneca 'mística' para beber álcool com drogas psicodélicas, dizem pesquisadores

Caneca de 2 mil anos era um mistério para cientistas até então

Caneca com a cabeça de Bes, divindade egípcia de fertilidade, proteção, cura medicinal e purificação (Reprodução )

Caneca com a cabeça de Bes, divindade egípcia de fertilidade, proteção, cura medicinal e purificação (Reprodução )

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter colaborador

Publicado em 4 de dezembro de 2024 às 19h21.

Em uma caneca mística: era assim que as pessoas do Egito antigo misturavam drogas psicodélicas e bebidas para festas e rituais, segundo pesquisadores.

A descoberta foi feita com o estudo de resíduos encontrados em uma caneca de 2.000 anos. Nela, os pesquisadores encontraram restos de drogas psicodélicas, fluidos corporais e álcool. É a primeira vez que cientistas conseguem identificar essas misturas líquidas, encontradas em canecas decoradas com a cabeça de Bes, uma antiga divindade egípcia de fertilidade, proteção, cura medicinal e purificação.

As novas descobertas, publicadas no Scientific Reports, da revista científica Nature, resultaram de um estudo de uma caneca específica que está em exposição no Museu de Arte de Tampa, nos Estados Unidos.

“Há muito tempo os egiptólogos especulam para que as canecas com a cabeça de Bes poderiam ter sido usadas e para que tipo de bebida, como água, leite, vinho ou cerveja”, disse o coautor do estudo Branko van Oppen, curador de arte grega e romana no Museu de Arte de Tampa, de acordo com a CNN. “Os especialistas não sabiam se essas canecas eram usadas na rotina diária, para fins religiosos ou em rituais.

O mistério da caneca

A pesquisa, incluindo análises químicas e de DNA, também revelou a primeira evidência física de plantas com propriedades psicotrópicas e medicinais em uma caneca egípcia, o que valida registros escritos e mitos relacionados a rituais egípcios.

Os pesquisadores há muito tempo ficam intrigados com as canecas de Bes porque havia pouco contexto para entender como esses recipientes eram usados, dificultando a hipótese sobre seus papéis em rituais ou o conteúdo que carregavam.

Segundo a CNN, a equipe do estudo esperava encontrar os restos de uma bebida alcoólica potente, dado ao tamanho pequeno do objeto, que tem 1,7 polegadas (4,5 centímetros) de altura e pode conter 125 mililitros. Mas os pesquisadores ficaram surpresos com a mistura variada.

A análise deles detectou quatro categorias de substâncias: uma base alcoólica, agentes aromatizantes, fluidos corporais humanos e ingredientes medicinais e psicotrópicos.

A detecção de leveduras de fermentação sugere que a mistura tinha uma base de cerveja ou vinho, que foi reforçada com sabores de mel e possivelmente geleia real, sementes de gergelim, pinhões, alcaçuz e uvas. Os antigos egípcios comumente usavam uvas para fazer bebidas que lembravam sangue, segundo o estudo.

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