Mundo

Duterte declara lei marcial em ilha após nova ofensiva terrorista

Os jihadistas ocuparam um hospital e a câmara municipal de Marawi, na ilha de Mindanau, além de queimar igrejas, um centro educativo e uma prisão

Duterte: "O presidente declarou a lei marcial em toda a ilha de Mindanau" (Maxim Shemetov/Reuters)

Duterte: "O presidente declarou a lei marcial em toda a ilha de Mindanau" (Maxim Shemetov/Reuters)

E

EFE

Publicado em 23 de maio de 2017 às 15h44.

Manila - O presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, anunciou nesta terça-feira a entrada em vigor da lei marcial na ilha de Mindanau após uma nova ofensiva armada do Grupo Maute, um dos bandos jihadistas que operam na região.

O governante filipino, que já tinha ameaçado tomar esta medida extrema, realizou o anúncio em Moscou, onde está em visita oficial, através de uma mensagem televisionada de seu porta-voz, Ernesto Abella.

"O presidente declarou a lei marcial em toda a ilha de Mindanau", declarou o porta-voz, que justificou a medida "pela existência de rebelião" nesta conflituosa ilha sulista onde parte da população é muçulmana.

O Grupo Maute, uma organização liga ao Estado Islâmico (EI), realizou um ataque esta tarde na cidade de Marawi, na região autônoma do Mindanau Muçulmano, que provocou um enfrentamento com as forças armadas no qual morreram pelo menos três soldados e vários ficaram feridos.

Os jihadistas ocuparam um hospital e a câmara municipal de Marawi, além de queimar igrejas, um centro educativo e uma prisão, enquanto dezenas de encapuzados percorreram as ruas da cidade a bordo de veículos portando bandeiras pretas do EI, segundo imagens divulgadas pelos moradores.

Este incidente, que se segue a muitos outros nos últimos meses protagonizados pelo Grupo Maute e outros bandos terroristas como Abu Sayyaf, foi a gota que encheu o copo para Duterte, conhecido por seu caráter impulsivo e sua linha dura.

O porta-voz da presidência assegurou que a lei marcial se prolongará por um máximo de 60 dias, como contempla a Constituição filipina, que reserva esta medida como recurso para prevenir ou reprimir atos de violência, invasão ou rebelião.

Abella afirmou que o presidente "confia plenamente" nas forças de segurança e pediu aos moradores de Mindanao que "tomem precauções, cooperem com as autoridades e permaneçam em calma" durante o estado de exceção.

Duterte, por sua parte, adiou até nova ordem suas reuniões previstas em Moscou com o presidente russo, Vladimir Putin, e o primeiro-ministro, Dimitri Medvedev, para retornar à capital Manila o mais breve possível.

O Maute é uma organização armada muçulmana com base em Lanao do Sul que apareceu no panorama nacional em 2012 com o nome de Khilafah Islamiyah Movement (KIM) e dois anos depois adotou o de EI-Ranao para certificar sua afiliação ao Estado Islâmico.

O grupo está controlado atualmente pelos irmãos Omar e Abdullah Maute Romato, que estudaram no Egito e na Jordânia, respectivamente, segundo o Institute for Policy Analyisis of Conflict, embora existam boatos de que o primeiro possa ter morrido há um ano em um enfrentamento com o exército.

O sul das Filipinas é palco de um velho conflito separatista islâmico que causou nas últimas quatro décadas entre 100.000 e 150.000 mortes e paralisou o desenvolvimento de uma região rica em recursos naturais.

Acompanhe tudo sobre:Ataques terroristasFilipinas

Mais de Mundo

Drones sobre bases militares dos EUA levantam preocupações sobre segurança nacional

Conheça os cinco empregos com as maiores taxas de acidentes fatais nos EUA

Refugiados sírios tentam voltar para casa, mas ONU alerta para retorno em larga escala

Panamá repudia ameaça de Trump de retomar o controle do Canal