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Draghi rebate Vaticano sobre lei contra homofobia: "Itália é Estado laico"

O Vaticano anunciou oposição a um projeto de lei na Itália que visa combater a homofobia

Primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi: "Somos um Estado laico, não um Estado confessional" (Kai Pfaffenbach/Reuters)

Primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi: "Somos um Estado laico, não um Estado confessional" (Kai Pfaffenbach/Reuters)

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AFP

Publicado em 23 de junho de 2021 às 16h08.

Última atualização em 23 de junho de 2021 às 17h39.

O chefe do governo italiano, Mario Draghi, enfatizou nesta quarta-feira, 23, que a Itália é "um Estado laico" e que seu Parlamento é soberano. O comentário é uma resposta pública às críticas do Vaticano a um projeto de lei italiano que amplia a luta contra a homofobia.

"Somos um Estado laico, não um Estado confessional", declarou Mario Draghi perante o Senado, pelo qual foi aplaudido. “O Parlamento é certamente livre para debater e legislar”, acrescentou.

O Vaticano anunciou oposição a um projeto de lei na Itália que visa combater a homofobia, uma intervenção incomum nas relações diplomáticas entre os dois países.

O projeto, que está em discussão no Senado, visa sancionar atos de discriminação e incitação à violência contra gays, lésbicas, transexuais e pessoas com deficiência.

O Vaticano enviou uma "nota verbal" à embaixada italiana na Santa Sé em 17 de junho, alertando que o tratado entre os dois Estados está sendo violado.

A nota considera que alguns pontos do projeto de lei italiano são contrários ao tratado bilateral em vigor entre a Itália e a Santa Sé, uma vez que violam a liberdade da Igreja Católica em termos de organização e exercício do culto, assim como a liberdade de expressão concedida aos fiéis e às associações católicas.

O projeto de lei não isenta as escolas católicas italianas da obrigação de participar das atividades relacionadas com o dia nacional contra a homofobia.

“Nosso sistema jurídico contém todas as garantias para que as leis sempre respeitem os princípios constitucionais e os compromissos internacionais, inclusive a Concordata com a Igreja”, garantiu Mario Draghi aos senadores.

“O laicismo não é a indiferença do Estado ao fenômeno religioso, o laicismo é a proteção do pluralismo e da diversidade cultural”, afirmou.

O texto sobre “medidas para prevenir e combater a discriminação e violência por motivos de sexo, gênero, orientação sexual, identidade de gênero e deficiência”, apresentado pelo deputado do Partido Democrata (centro-esquerda) Alessandro Zan, foi aprovado na Câmara dos Deputados em novembro. E atualmente está em debate no Senado.

A Itália e a Santa Sé normalizaram suas relações com os acordos de Latran em 1929, após 60 anos de crise.

Esses acordos incluem uma concordata que foi revisada em 1984 para acabar especialmente com o status particular da religião católica, que não é mais a religião oficial na Itália.

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