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Documentos mostram que Bush pensava em invadir Iraque desde a posse

O secretário de Defesa norte-americano na época, Donald Rumsfeld, pediu para que um advogado ligasse Saddam à Al-Qaeda, após o 11/9

Saddam Hussein e George W. Bush: anos depois da invasão, os EUA reconheceram que Saddam Hussein não teve qualquer relação com os ataques ao World Trade Center (AFP)

Saddam Hussein e George W. Bush: anos depois da invasão, os EUA reconheceram que Saddam Hussein não teve qualquer relação com os ataques ao World Trade Center (AFP)

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Da Redação

Publicado em 23 de setembro de 2010 às 12h01.

Washington - Assessores do ex-presidente George W. Bush (2001-2009) já pensavam em derrubar Saddam Hussein assim que chegaram à Casa Branca, e tentaram justificar uma guerra com o Iraque meses depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, segundo documentos oficiais divulgados na quarta-feira nos Estados Unidos.

Poucas horas depois dos ataques de 11 de setembro, o então secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, mencionou um ataque ao Iraque e a Osama bin Laden, líder da rede Al-Qaeda, segundo as notas de uma reunião realizada no mesmo dia dos atentados incluídas nos arquivos liberados.

Rumsfeld pediu a um advogado do Pentágono que ajudasse um auxiliar a obter "apoio" e demonstrar uma suposta ligação entre o regime iraquiano e o líder da rede terrorista Al-Qaeda, segundo os documentos divulgados pelo Arquivo Nacional de Segurança, um instituto de pesquisas independente com sede em Washington.

Anos depois, o governo dos Estados Unidos reconheceu que o governo de Saddam Hussein não teve qualquer relação com os ataques às torres gêmeas de Nova York e ao Pentágono, que deixaram 3.000 mortos.

Em junho e julho de 2001, altos funcionários do governo afirmaram que tubos de alumínio confiscados no Iraque eram a prova de que o país tentava fabricar armas nucleares, antes de submeter o material a uma análise preliminar, afirmam dois memorandos do Departamento de Estado dirigidos ao secretário da época, Colin Powell.

Um dos memos expressa o interesse do governo americano em "divulgar a apreensão em nosso benefício" e revelar a história adequada sobre os tubos, que teve a suposta conexão com armamento atômico rapidamente descartada.


O Iraque também esteve no centro de um memorando de julho de 2001 dirigido à então assessora de Segurança Nacional, Condoleezza Rice, a quem Rumsfeld pedia uma reunião de alto nível para falar da política a respeito de Bagdá. Depois de mencionar que as sanções contra o Iraque haviam fracassado e que a defesa aérea iraquiana melhorava, Rumsfeld adverte: "Em poucos anos, os Estados Unidos sem dúvida enfrentarão um Saddam dotado de armas nucleares".

"Se o regime de Saddam fosse derrubado, teríamos uma posição melhor na região e em outros pontos (...) Um grande êxito no Iraque reforçaria a credibilidade e influência dos Estados Unidos em toda a região", escreveu o secretário de Defesa.

Outro documento mostra que Rumsfeld discutiu planos bélicos para o Iraque apenas dois meses depois da ofensiva contra o regime dos talibãs, executada pela Aliança do Norte afegã com o apoio logístico dos Estados Unidos, no fim de 2001.

Segundo o texto, Rumsfeld ordenou ao general Tommy Franks, que estava à frente do Comando Central Americano, que preparasse as tropas para a "decapitação" do regime iraquiano.


Em uma lista com data de 27 de novembro de 2001, Rumsfeld enumera possíveis detonadores que poderiam ser usados pelo governo Bush para justificar o início de uma guerra: uma ação militar iraquiana contra um enclave no norte do país protegido por Estados Unidos e Reino Unido, o vínculo de Saddam com os atentados de 11 de setembro, os então recentes ataques com antraz, e os conflitos com as inspeções da ONU ao arsenal iraquiano.

Em um memorando de 18 de dezembro de 2001, a unidade de análises do Departamento de Estado advertiu que França e Alemanha provavelmente seriam contrárias a uma invasão do Iraque sem provas concretas de que Bagdá estava por trás dos atentados contra Washington e Nova York.

Também destacou que um apoio da Grã-Bretanha teria um custo político para o então primeiro-ministro Tony Blair (1997-2007), e poderia provocar uma reação violenta da comunidade muçulmana britânica.

Os documentos divulgados na quarta-feira foram entregues pelo governo americano com base em um pedido fundamentado no direito de liberdade de informação.

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