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Disputa interna na esquerda pode beneficiar Macron na França

O socialista Benoît Hamon prometeu lutar até o fim pela eleição, enquanto o rival de extrema-esquerda Jean-Luc Mélenchon descartou uma união com Hamon

Emmanuel Macron, candidato à presidência na França (Charles Platiau/Reuters)
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Reuters

Publicado em 30 de março de 2017 às 13h50.

Paris - Dois candidatos de esquerda à eleição presidencial da França se recusaram a uma trégua nesta quinta-feira, em uma batalha que provavelmente eliminará ambos da disputa que, segundo as pesquisas, será vencida pelo centrista Emmanuel Macron no segundo turno contra a líder de extrema-direita Marine Le Pen.

O socialista Benoît Hamon prometeu lutar até o fim, apesar de ter sido desertado por figuras centrais de seu partido, enquanto o rival de extrema-esquerda Jean-Luc Mélenchon, animado por um crescimento nas pesquisas, descartou uma união com Hamon que poderia levar a esquerda de volta à disputa.

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Diante desse combate aparentemente suicida, Macron comemorou os anúncios de apoio de vários políticos de esquerda e de direita, entre eles ministro da Defesa, Jean-Yves Le Drian, e o ex-primeiro-ministro Manuel Valls, ambos socialistas.

"Tenho um problema na política no momento: há muita gente me apoiando", brincou Macron, de 39 anos, que promete transcender a divisão entre esquerda e direita na França, onde o índice de desemprego é de quase 10 por cento em uma economia enfraquecida.

"Dito isso, existe algum consolo no fato de que, para outros, o problema é que as pessoas estão deixando-os", disse ele em um encontro entre candidatos e representantes de agricultores.

A luta de Hamon - seu eleitorado em potencial paira pouco acima dos 10 por cento - ficou complicada pelas deserções de figurões do Partido Socialista, sem falar da competição com Mélenchon, que o ultrapassou em várias enquetes de intenção de voto.

Furioso com a decisão de Valls de debandar para o lado de Macron, Hamon disse à rádio pública franceinfo: "É claro que irei continuar até o fim".

Mélenchon, político veterano cujo eleitorado em potencial subiu para até 15 por cento nos últimos dias, vários pontos acima de Hamon, disse na quarta-feira que não vai desistir em favor da candidatura de Hamon.

"Não irei negociar com ninguém", afirmou ele durante um comício na cidade de Le Havre. Seu porta-voz disse que o Partido Socialista, dividido há tempos entre moderados e radicais, está praticamente morto.

Somente dois candidatos na eleição de 23 de abril vão para o segundo turno, em 7 de maio. As pesquisas mostram os dois mais bem colocados na corrida, Macron e Le Pen, na casa dos 20 por cento das intenções de voto, muito acima de Mélenchon e Hamon e do favorito anterior François Fillon, ex-premiê conservador.

Um levantamento da empresa Harris Interactive revelou que 53 por cento dos eleitores acham que Hamon deveria desistir em favor de Mélenchon, político incendiário que deixou o Partido Socialista vários anos atrás e concorre pelo Partido Esquerda, ou o que a França chama de "Esquerda da Esquerda".

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