Discussão doméstica de Johnson gera debate sobre efeito em campanha
Candidato ao cargo de primeiro ministro recusou-se a responder perguntas sobre o incidente em um evento com eleitores no sábado
Reuters
Publicado em 23 de junho de 2019 às 15h19.
Última atualização em 24 de junho de 2019 às 10h47.
Londres - Relatos de uma acalorada discussão durante a madrugada entre Boris Johnson e sua namorada levantavam neste domingo um debate sobre o quanto isso afetaria sua campanha para se tornar o próximo primeiro-ministro do Reino Unido e sua viabilidade para assumir o cargo, para o qual ele é atualmente o favorito.
Pesquisas conduzidas pelo jornal Mail on Sunday antes e depois de reportagens de capa sobre a discussão mostram que a vantagem de Johnson sobre o rival Jeremy Hunt, ministro das Relações Exteriores, evaporou entre todos os eleitores e diminuiu mesmo entre conservadores.
Johnson recusou-se a responder perguntas sobre o incidente em um evento com eleitores no sábado em Birmingham, no centro da Inglaterra, dizendo que o público queria ao invés disso ouvir sobre seus planos para o Reino Unido, três anos depois de o país votar para deixar a União Europeia.
O secretário de Comércio Internacional, Liam Fox, que apoia Hunt, concordou que as reportagens não devem ser uma distração para o importante debate sobre política na campanha para a escolha do próximo primeiro-ministro, que deve ser decidida por 160.000 membros do partido Conservador no próximo mês.
"Acho que é sempre mais fácil simplesmente dar uma explicação", disse ele a Andrew Marr, da BBC, neste domingo.
"Mas o importante é como você fala sobre essas questões; o que não podemos é ter uma distração de explicações mais amplas sobre política e sobre para onde queremos ir e quando".
Claro favorito, Johnson tentou ficar fora dos holofotes, e adversários o acusaram de fugir do escrutínio para tentar evitar gafes que foram uma marca de sua carreira até agora.
DISCUSSÃO AOS GRITOS
A pesquisa do jornal Mail on Sunday mostrava que Johnson era visto como o melhor primeiro-ministro por 36% dos eleitores na quinta-feira, enquanto Jeremy Hunt era apoiado por 28%.
Mas Johnson perdeu a vantagem no sábado, com os novos números mostrando que 32% apoiam Hunt, enquanto 29% votariam por Johnson.
Entre eleitores conservadores, a vantagem de Johnson caiu de 55% para 45%, enquanto Hunt subiu de 28% para 34%, segundo as pesquisa, conduzidas pela Survation.
A polícia foi chamada para o endereço no sul de Londres onde Johnson está vivendo com a namorada Carrie Symonds nas primeiras horas da manhã de sexta-feira, depois que vizinhos ouviram uma discussão em voz alta. Johnson, 55, está atualmente se divorciando de sua segunda esposa.
Todos os moradores do endereço foram ouvidos e estão seguros e bem, disse a polícia, em comunicado.
Apoiadores de Johnson afirmam que a decisão de um vizinho de enviar uma gravação da discussão para o jornal Guardian teve motivações políticas.
O vizinho Tom Penn, de 29 anos, disse em um comunicado que chamou a polícia porque estava "assustado e preocupado com o bem-estar dos envolvidos".
"Uma vez claro que ninguém se machucou, entrei em contato com o Guardian, pois senti que era importante para o interesse público", disse ele. "Acredito que seja razoável alguém que possa se tornar o próximo primeiro-ministro a ser responsabilizado por todas as suas palavras, ações e comportamentos."
Johnson, um dos líderes da campanha do Brexit em 2016, reiterou no sábado seu desejo de sair da União Europeia em outubro, com ou sem acordo.
Hunt, que apoiou a permanência no referendo, disse que tiraria o país da UE sem um acordo em 31 de outubro se o bloco não mostrasse disposição de renegociar o acordo do Brexit.