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Discrição de Dilma contrasta com onipresença de Lula

Presidente ainda não fez declarações públicas desde o dia da posse

Dilma Rousseff recebe a faixa presidencial de Lula na cerimônia de posse (Fabio Rodrigues/Agência Brasil)

Dilma Rousseff recebe a faixa presidencial de Lula na cerimônia de posse (Fabio Rodrigues/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 7 de janeiro de 2011 às 13h47.

Brasília - Dilma Rousseff completou uma semana na Presidência do Brasil e desde sua posse, em 1º de janeiro, não foi vista em público nem fez declarações, em um estilo de governar que nada lembra seu carismático e onipresente antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva.

O silêncio de Dilma com a imprensa vai além desta semana, pois a última vez que fez declarações a jornalistas foi em Seul, no início de novembro de 2010, quando acompanhou Lula na cúpula do Grupo dos 20 (G20) em sua condição de presidente eleita do Brasil.

Após a grande cerimônia de posse, que foi também a despedida de Lula, a nova presidente manteve uma enorme discrição e também impôs um intenso ritmo de trabalho, próprio de sua personalidade mais técnica que política.

No seu primeiro dia, Dilma se dedicou a uma agenda de compromissos com autoridades estrangeiras que assistiram a sua posse, entre eles o presidente do Uruguai, José Mujica, e autoridades de Cuba, Portugal, Coreia do Sul, Palestina e Japão.

Na segunda-feira reuniu sua equipe política e desde então, como fez nesta sexta-feira, teve encontros a portas fechadas com muitos de seus ministros, convocados para uma primeira reunião conjunta no dia 14 de janeiro.

Apesar da distância dos flashes que tanto atraíam Lula, a governante já adotou algumas medidas no setor financeiro e prepara outras para reduzir a presença do Estado na atividade econômica, que foi impulsionada nos últimos dois anos, para conter os efeitos da crise global.

Nesta quinta-feira, o Banco Central anunciou a imposição de um depósito compulsório de 60% sobre as posições que as instituições financeiras têm frente o dólar a fim de frear o forte processo de valorização do real frente à moeda americana.

Além disso, embora ainda não precisou dados finais, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, um dos colaboradores que Dilma "herdou" de Lula, disse que o Governo prepara um forte corte do gasto público, que afetará todos os ministérios.

Com a mesma discrição, Dilma controlou as primeiras divergências surgidas em sua equipe, incluindo o mal estar entre o ministro de Segurança Institucional, general José Elito Carvalho Siqueira, que ao tomar posse fez uma polêmica referência aos anos da ditadura, época em que Dilma foi presa e torturada.

Ao assumir o cargo, o militar considerou que os desaparecidos por razões políticas após a ditadura não são motivo de "vergonha", mas se trata de um assunto que deve ser estudado como "fato histórico".

Dilma não se manifestou publicamente sobre o assunto, mas dois jornais locais afirmam que a presidente chamou o general e manifestou seu "mal-estar" pelas declarações.

Outra frente de conflito será a ampla e variada coalizão que Dilma formou para chegar ao Governo.

A coalizão é formada por 11 partidos políticos e tem como principais membros o PT e o PMDB, uma influente força de centro-direita liderada pelo vice-presidente Michel Temer.

O PMDB, que ficou com seis dos 37 ministérios, contra os 17 que ocupa o PT, começou a lutar por espaço e chegou a insinuar que pode unir-se à oposição no Congresso para votar por um aumento salarial superior ao sugerido pelo Governo Lula durante os últimos dias de sua gestão.

Perante isso, Dilma suspendeu até fevereiro as nomeações de diretores em diversas áreas de ministérios e empresas estatais, a fim de abrir um parêntese na negociação com os partidos de sua base política e especialmente com o PMDB.

Enquanto encara esses problemas, e sempre na sombra, a chefe de Estado também lançou o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) de combate à pobreza.

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