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Diretor do FMI aumenta lista de escândalos sexuais de poderosos

Camareira de um hotel em Nova York denunciou o diretor-gerente do Fundo Internacional por tentativa de estupro

Strauss-Kahn não é novato neste cenário. Em 2008, ele foi investigado pelo FMI por abuso de poder com uma economista do Fundo que era sua subordinada (Arquivo/Getty Images)

Strauss-Kahn não é novato neste cenário. Em 2008, ele foi investigado pelo FMI por abuso de poder com uma economista do Fundo que era sua subordinada (Arquivo/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 16 de maio de 2011 às 11h03.

Washington - Sexo e poder são conhecidos íntimos um do outro, e a história está repleta de casos de poderosos e privilegiados que caíram em desgraça por escândalos sexuais.

Mas que ninguém se engane: se o diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, 62, for considerado culpado da acusação de tentar estuprar uma camareira de hotel em Nova York, ele estará em uma categoria à parte.

Poucos foram acusados de um crime violento como Strauss-Kahn. O chefe do FMI e postulante a candidato presidencial na França foi indiciado no domingo por ato sexual criminoso, detenção ilegal e tentativa de estupro na cidade de Nova York, depois que uma camareira de hotel denunciou o ataque.

"Políticos, poder e assédio sexual com certeza têm uma longa história", disse Michele Swers, professora de ciências políticas na Universidade Georgetown. "Tratando-se de uma tentativa criminosa de estupro, creio que pertence a uma categoria de dimensão diferente." Não faltam exemplos de líderes poderosos que caíram do pedestal por causa de romances, prostitutas e atos indevidos. Indiscrições sexuais enfraqueceram governos e enterraram carreiras políticas do dois lados do Atlântico, hoje e em outras épocas.

Entre os mais famosos está o escândalo de Profumo em 1963, quando um secretário de guerra britânico foi forçado a renunciar por ter um caso com uma prostituta ligada a um espião russo.

Acima da Lei?

O caso Strauss-Kahn suscita algumas das mesmas perguntas que surgem em qualquer escândalo em que política e sexo se encontram. Será que o acusado abusou do poder adotando um comportamento de alto risco, e será que o poder o fez se sentir invencível e acima da lei? O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, o ex-presidente norte-americano Bill Clinton, o ex-governador de Nova York Eliot Spitzer e o postulante a candidato presidencial dos EUA Newt Gingrich são somente alguns dos poderosos que enfrentaram esse tipo de caso, embora nenhum tenha respondido a acusações de crime violento.

"O poder é afrodisíaco, como bem se sabe, e também sabemos que o poder de uma certa forma com frequência é tomado como poder de outras formas", disse James Walston, professor de política italiana da Universidade Americana de Roma.

"Por isso alguém que é o chefe do FMI pode pensar que consegue se safar de qualquer coisa. Certamente Berlusconi parece pensar assim também", acrescentou.


Berlusconi, de 74 anos, figura proeminente na centro-direita italiana, enfrenta quatro julgamentos simultâneos por corrupção, fraude fiscal e por fazer sexo com uma prostituta menor de idade, além de usar o cargo para acobertar o fato. A acusação sexual se seguiu a anos de boatos sobre sua leviandade sexual.

Strauss-Kahn não é novato neste cenário. Em 2008, ele foi investigado pelo FMI pelo possível abuso de poder por um breve romance com uma economista do Fundo que era sua subordinada. O caso era consensual e ele foi inocentado, mas se desculpou publicamente por "um sério erro de julgamento".

A França, como a Itália, é por tradição bastante tolerante com casos extra-conjugais, ao contrário dos Estados Unidos. A filha bastarda do ex-presidente francês François Mitterand compareceu a seu enterro, por exemplo.

Mas, desta vez, políticos franceses e o público ficaram chocados. As acusações "caíram como um raio", nas palavras da líder do Partido Socialista, ao qual Strauss-Kahn pertencia.

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