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Diretor do FBI questiona se Trump foi atingido por bala ou estilhaço

Em depoimento à Câmara, Christopher Wray deu detalhes sobre o planejamento do ataque, mas diz que motivação ainda não foi descoberta

Christopher Wray, diretor do FBI, durante depoimento na Câmara dos EUA (Christopher Wray/AFP)

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Agência o Globo
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Publicado em 25 de julho de 2024 às 13h59.

Última atualização em 25 de julho de 2024 às 14h25.

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O diretor do FBI, a principal agência federal de investigação dos Estados Unidos, disse na quarta-feira, diante de uma comissão na Câmara dos Deputados do país, que ainda não se tem certeza se o ex-presidente Donald Trump foi atingido por uma bala ou por estilhaços no atentado sofrido no dia 13 de julho. O depoimento ocorreu no mesmo dia em que a Câmara, em um raro momento de união, aprovou a criação de uma força-tarefa para investigar o ataque.

Desde o dia 13 de julho, quando um atirador fez disparos na direção do ex-presidente durante um comício na região rural da Pensilvânia, Trump e aliados têm afirmado que o ferimento em sua orelha foi causado por uma bala que passou raspando.

No sábado, o ex-médico e ex-deputado Ronny Jackson disse, em comunicado, que o rastro da bala causou um ferimento de 2 cm na orelha do republicano, causando um sangramento local, mas sem a necessidade de pontos. Segundo ele, o projétil passou a centímetros de sua cabeça, e poderia tê-lo matado na hora, um argumento que havia sido explorado à exaustão durante a Convenção Nacional Republicana, que confirmou Trump como candidato à Presidência, dias antes.

Wray pareceu questionar essa versão.

"Com relação ao ex-presidente Trump, há dúvidas sobre se foi ou não uma bala ou estilhaço que atingiu sua orelha", disse Wray à Comissão do Judiciário da Câmara, sem dar maiores detalhes.

A carta de Jackson foi, até agora, a principal declaração sobre a saúde do ex-presidente. Os médicos envolvidos no tratamento inicial não deram declarações, e ele não divulgou exames que teriam sido realizados após o atentado. Segundo o ex-deputado, ele foi submetido a uma tomografia computadorizada, que não teria revelado danos mais amplos. Segundo especialistas, diante do poder de destruição da arma usada no ataque, Trump poderia sofrer perda auditiva e até problemas neurológicos, mesmo sem ter sido atingido diretamente.

Os investigadores afirmam que o atirador, Thomas Crooks, usou um fuzil de assalto similar a um AR-15, e fez oito disparos em um intervalo de 6 segundos — uma pessoa, o bombeiro Corey Comperatore, morreu, e duas ficaram feridas com gravidade. Crooks foi morto por agentes do Serviço Secreto, mas a operação de segurança foi chamada pela diretora da agência, Kimberly Cheatle, de “mais significativa falha operacional em décadas”. Ela pediu demissão na terça-feira.

No depoimento à Câmara, Wray disse que Crooks esteve no lugar do ataque, na cidade de Butler, dias antes dos disparos, e chegou a usar um drone 2 horas antes do atentado, que foi apreendido no carro do atirador. Na véspera, ele foi a um clube de tiro, e pouco antes de disparar contra Trump comprou 50 balas de fuzil. Wray confirmou que, além do drone, havia uma quantidade considerável de explosivos no carro de Crooks. A arma foi comprada do pai dele, em outubro de 2023.

O diretor do FBI, que durante a sessão chegou a ouvir pedidos para que renunciasse imediatamente, revelou que o atirador fez buscas no Google sobre Lee Harvey Oswald, o homem que assassinou o presidente John Kennedy em 1963, em Dallas. Segundo Wray, Crooks fez buscas sobre pessoas públicas, incluindo Trump e o atual presidente Joe Biden, e parece ter se decidido pelo republicano em 6 de julho: nesse dia, ele pesquisou qual era a distância em que Oswald atirou contra Kennedy, e se registrou para participar do comício em Butler.

Mas uma questão permanece em aberto, mesmo após 400 entrevistas com testemunhas, agentes de segurança e com os pais do atirador.

"Acho que podemos dizer que ainda não temos uma imagem clara sobre suas motivações", declarou.

Mesmo pressionado, ele frustrou alguns parlamentares ao afirmar, em diversas ocasiões, que não poderia tornar públicos alguns detalhes, para não atrapalhar o rumo das investigações. Wray ainda se recusou a comentar sobre as falhas na segurança e sobre a atuação do Serviço Secreto, tampouco sobre como Crooks conseguiu efetuar oito tiros.

"Isso é algo que ainda estamos investigando", afirmou.

O depoimento do diretor do FBI ocorreu no mesmo dia em que os deputados aprovaram a criação de uma comissão para investigar o atentado contra Trump, em uma cada vez mais rara demonstração de união bipartidária: foram 416 votos a zero. A força-tarefa será composta por sete republicanos e seis democratas, e terá poder para emitir intimações, similar ao visto em inquéritos semelhantes, como sobre a invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021.

“As falhas de segurança que permitiram uma tentativa de assassinato contra a vida de Donald Trump são chocantes”, disseram, em comunicado conjunto, o presidente da Câmara, Mike Johnson, e o líder da minoria, Hakeem Jeffries. “A força-tarefa terá autoridade para intimar e agirá rapidamente para apurar os fatos, garantir a responsabilização e garantir que tais falhas nunca mais aconteçam.”

Segundo os deputados, um relatório final será concluído até o dia 13 de dezembro, e deverá determinar a sequência de erros que levaram à tentativa de assassinato do candidato republicano, e fazer recomendações para evitar novos ataques do tipo.

"Posso dizer que minha comunidade está de luto", disse à Associated Press o deputado Mike Kelly, que é de Butler e estava no comício. "Eles estão chocados com o que aconteceu em nosso quintal. O povo de Butler e o povo dos Estados Unidos merecem respostas."

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