Mundo

Direita espanhola tem grandes desafios econômicos e políticos

Mercados caíram após as eleições darem vitória aos conservadores; analistas defendem medidas de austeridade

Mariano Rajoy e aliados: líder da direita deve ser o novo primeiro-ministro espanhol (Pierre-Philippe Marcou/AFP)

Mariano Rajoy e aliados: líder da direita deve ser o novo primeiro-ministro espanhol (Pierre-Philippe Marcou/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 21 de novembro de 2011 às 16h11.

Madri - A direita espanhola, após sua histórica vitória eleitoral de domingo, enfrenta o desafio de impulsionar a economia e conter a pressão dos mercados, mas também deverá abordar questões como o fim definitivo do grupo separatista ETA e os possíveis protestos pelas prováveis medidas de austeridade.

A tensão dos mercados financeiros não deu trégua à Espanha no dia seguinte às eleições. Nesta segunda-feira a Bolsa de Madri perdeu mais de 3% e suas taxas de obrigações com vencimento a dez anos subiram 6,406%, encarecendo mais ainda o financiamento do Estado.

O líder do Partido Popular (PP) e próximo presidente espanhol, Mariano Rajoy, deverá tomar medidas para aliviar a pressão dos mercados sobre a Espanha e melhorar a situação da sua economia, derrubada por um desemprego recorde (21,5%) e pela ameaça de uma volta à recessão de 2012.

Segundo Gilles Moec, analista de Deutsche Bank, Rajoy se concentrará em três aspectos básicos: "um avanço mais rápido na reestruturação do setor bancário, uma reforma mais profunda do mercado de trabalho e mais austeridade com um recuo do gasto, principalmente com saúde e com as regiões".

Contudo, para Antonio García Pascual, do banco Barclays, essas medidas devem ser muito bem acolhidas pelos mercados, mas talvez não sejam suficientes para estabilizar a economia espanhola.

"O problema é que não dependemos apenas de nós mesmos, estamos vendidos em relação às decisões europeias", explicou Soledad Pellón, da Corretora IG Markets.

Segundo especialistas, a maior arma de Rajoy contra a crise será um poder político com maioria absoluta, a qual se soma um amplo poder regional (13 das 17 regiões) e municipal.

No terreno político, um dos grandes desafios será gerir o processo de fim do ETA, no qual desempenhará um papel crucial a esquerda basca, cuja nova bandeira eleitoral, Amaiur, entrou com força no Congresso com sete deputados, convertendo-se na maior força basca do Parlamento espanhol.

"Trata-se de uma mensagem clara de que a população quer um processo de normalização e pacificação", disse nesta segunda-feira à AFP Jon Iñárritu, eleito deputado pela província basca de Vizcaya.

O PP advertiu durante a campanha que não negociará com o ETA, mas Gorka Landaburu, diretor da revista política Cambio 16, afirma que Rajoy não terá alternativa a não ser negociar.

Acompanhe tudo sobre:EleiçõesEspanhaEuropaPiigsPolítica

Mais de Mundo

Com Itália envelhecida, projeto quer facilitar ida de imigrantes para trabalhar no país; entenda

Premiê de Bangladesh cancela viagem ao Brasil após protestos em massa

Supremo de Bangladesh anula cotas de emprego que geraram protestos com mais de 100 mortos

Coreia do Norte lança mais balões de lixo e Seul diz que tocará k-pop na fronteira como resposta

Mais na Exame