Dilma quer que Gilberto Carvalho seja um “sensibilizador”
Presidente-eleita pediu a Carvalho que a alerte sobre dificuldades e lhe diga a verdade nos momentos difíceis
Da Redação
Publicado em 4 de dezembro de 2010 às 16h59.
Brasília - A presidenta eleita Dilma Rousseff pediu ao futuro secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, que a alerte sobre dificuldades e lhe diga a verdade nos momentos difíceis. Em entrevista exclusiva à TV Brasil, Carvalho também afirmou que ela usará a capacidade de manter a coesão e de trabalhar em equipe para compensar a falta de carisma em relação ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Se ela [Dilma] não tem o mesmo carisma desse Pelé da política que é o presidente Lula, ela tem muita competência de gerenciamento, com forte capacidade de gestão e de trabalho em equipe”, disse Carvalho, atualmente chefe de gabinete de Lula e que ocupará a Secretaria-Geral da Presidência da República a partir de janeiro.
De acordo com Carvalho, Dilma pediu que, na Secretaria-Geral, ele funcione como “sensibilizador” das demandas sociais, ouvindo as reivindicações dos movimentos e levando as cobranças e sugestões para a presidenta.
Segundo Carvalho, a campanha eleitoral aproximou Dilma do povo e mostrou que a presidenta eleita consegue dialogar com a sociedade. “O contato com o povo se deu à medida que a campanha se desenvolveu. Ela se revelou capaz desse diálogo, dessa acolhida, desse afeto, ainda que não tenha o carisma de Lula”, acrescentou.
O novo secretário-geral diz que recebeu o convite de Dilma numa reunião na Granja do Torto. Os dois tinham se encontrado para discutir uma carta que a presidenta eleita escreveu ao papa Bento XVI e que Carvalho levará ao Vaticano. “Ela me pediu que sempre diga a verdade quando as coisas estiverem difíceis e a alerte de todos os problemas”, ressaltou.
Ele, que substituirá Luiz Dulci, elogiou o atual comandante do órgão. “Mesmo sem aparecer, ele [Dulci] prestou um serviço extraordinário ao governo nos oito anos do governo Lula”, avaliou.
Para Carvalho, a relação com os movimentos sociais não será fácil, mas é necessária para manter um governo democrático de fato. “O diálogo sempre é tenso. Afinal, são demandas importantes e muitas vezes acumuladas durante anos, até séculos”, explicou. A Secretaria-Geral da Presidência da República é responsável pela articulação do governo com as entidades sociais, organizando reuniões e conferências.
Apesar de a Casa Civil ter perdido a gestão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que será repassada ao Ministério do Planejamento, Carvalho afirma que a pasta, que será comandada por Antonio Palocci, manterá a importância no próximo governo. “A Casa Civil continua como coordenadora interna do governo. O dia a dia dos ministérios, o processo de tocar o governo permanecerá centralizado na Casa Civil”, destacou.