Cristina Kirchner, presidente da Argentina, é uma das latino-americanas no poder (Chris McGrath/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 31 de outubro de 2010 às 22h34.
Dilma Rousseff será, a partir do primeiro dia de 2011, a 12ª integrante da lista de mulheres a chegar ao Poder na América, uma lista que, apesar de ter crescido de forma considerável nos últimos anos, continua sendo muito pequena em comparação a de homens governantes.
A presidente eleita, uma economista de 62 anos, nunca tinha se candidatado a um cargo de eleição popular, mas teve um destacado desempenho nos últimos anos nos ministérios de Minas e Energia e da Casa Civil.
Ganhou o segundo turno das eleições deste domingo, tendo como troféu as conquistas dos oito anos do Governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que a elegeu como sua sucessora e a apoiou durante a campanha.
No mundo todo são cerca de 20 as mulheres que têm posições de primeiro nível em seus países, desde as rainhas Elizabeth II da Inglaterra, Beatriz de Holanda e Margarida II da Dinamarca, até a chanceler alemã, Angela Merkel, passando pela primeira-ministra croata, Jadranka Kosor, e a presidente da Libéria, Ellen Johnson- Sirleaf, entre outras.
No continente americano três mulheres estão à frente dos Governos de seus respectivos países atualmente, às quais Dilma se somará a partir de 1º de janeiro.
Trata-se das presidentes Cristina Kirchner e Laura Chinchila, da Argentina e da Costa Rica respectivamente, e da primeira-ministra de Trinidad e Tobago, Kamla Persad-Bissessar. As duas últimas assumiram este ano.
Estas vitórias eleitorais parecem refletir um avanço feminino na política que obedece a "uma nova mudança cultural", declarou a ex-governante chilena Michelle Bachelet.
No entanto, Bachelet, que deixou este ano seu cargo com 84% de popularidade e foi escolhida, em uma pesquisa realizada em setembro, como a melhor governante da história de seu país, disse recentemente que a presença feminina nos mais altos cargos do poder é "uma exceção".
Na América, contando com Dilma, apenas 12 mulheres conseguiram chegar a Presidência.
A Argentina é o único país da América que teve mais de uma mulher no comando do país. Em 1974, María Estela Martínez, "Isabelita", assumiu o governo após a morte de seu marido Juan Domingo Perón.
Foi derrubada pelo golpe de Estado de março de 1976, o mesmo que ocorreu com a segunda governante americana, a boliviana Lidia Gueiler, que chegou à chefia de Estado em 1979 e oito meses depois foi obrigada a ir para o exílio.
A haitiana Ertha Pascal-Trouillot, terceira da lista, era juíza suprema quando os militares lhe entregaram a Presidência em 1990 a fim de que convocasse eleições, o que fez um ano e 11 meses depois e passou o poder a Jean Bertrand Aristide.
A nicaraguense Violeta Chamorro chegou à Presidência em 1990 após derrotar nas urnas, com 54,7% dos votos, Daniel Ortega, atual presidente da Nicarágua.
Rosalía Arteaga governou o Equador por 48 horas em fevereiro de 1997, após a derrocada de Abdala Bucaram, de quem era vice-presidente.
Como Isabelita Martínez e a também argentina Cristina Kirchner, que acaba de ficar viúva do ex-presidente Néstor Kirchner, a guianense Janet Jagan, presidente de 1997 a 1999, foi primeira-dama antes de se tornar chefe de Estado.
A panamenha Mireya Moscoso, viúva de Arnulfo Arias Madrid, que antes de se casar com ela tinha sido presidente do país em três ocasiões, governou de 1999 a 2004.
Mas da mesma forma que na América, no resto do mundo a presença feminina no topo do Poder também é muito pequena e aconteceu em poucos casos.
A lista foi inaugurada em 1960 pela primeira-ministra do Sri Lanka (então Ceilão), Sirivamo Bandaranaike, e nela se destacam figuras como a indiana Indira Gandhi (1966), a israelense Golda Meir (1969), a britânica Margaret Thatcher (1979) e a paquistanesa Benazir Bhutto (1988).
Fora do continente americano, o mais recente caso vivido no mundo de uma mulher a chegar ao Poder ocorreu na Austrália, onde Julia Gillard tomou posse como a primeira chefe do Executivo de seu país.