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Dilma defende objetivos da Rio+20 no Fórum Social Mundial

Ante cerca de 4 mil pessoas no ginásio Gigantinho, em Porto Alegre, Dilma declarou que a crise dá um significado especial à Rio+20

A governante aproveitou a temática ambiental para criticar os países desenvolvidos (Antonio Cruz/Abr)

A governante aproveitou a temática ambiental para criticar os países desenvolvidos (Antonio Cruz/Abr)

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Da Redação

Publicado em 18 de julho de 2012 às 18h17.

Porto Alegre - A presidente Dilma Rousseff defendeu nesta quinta-feira os objetivos da Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável Rio+20 ao participar do Fórum Social Mundial, que ocorre em Porto Alegre, onde os participantes do evento anunciaram protestos globais contra a chamada 'economia verde'.

Ante cerca de 4 mil pessoas no ginásio Gigantinho, em Porto Alegre, Dilma declarou que a crise dá um significado especial à Rio+20, evento que será realizado em junho no Rio de Janeiro. Para ela, a conferência deve ser um momento importante de um 'processo de renovação de ideias'.

'O que estará em debate é um modelo de desenvolvimento capaz de articular o crescimento e a geração de emprego, a erradicação da pobreza e a redução das desigualdades, a participação social e a ampliação de direitos, educação e inovação tecnológica, o uso sustentável e a preservação dos recursos ambientais', acrescentou.

Dilma destacou que esse modelo deverá se basear na premissa de que 'é possível crescer, incluir, proteger e conservar', além de ser 'sustentável' nos aspectos 'econômico, social e ambiental'.

A presidente apostou nas oportunidades do Brasil em termos de geração de energia, apoiadas em boa medida em hidrelétricas de grande porte, condenadas pela maioria dos movimentos do Fórum, além de ativistas e ambientalistas que criticam o potencial impacto das obras dessas usinas. Mas, com postura firme, Dilma salientou que hidrelétricas são sustentáveis e ajudam na superação da pobreza.


A governante aproveitou a temática ambiental para criticar os países desenvolvidos, ao lembrar que o Brasil assumiu compromissos para reduzir suas emissões de gases poluentes há dois anos, na Conferência da ONU sobre Mudança Climática realizada em Copenhague, enquanto 'outros, muito mais ricos, infelizmente ainda não anunciaram nada'.

Nesse contexto, ela ressaltou que a crise financeira na Europa e nos Estados Unidos esconde novos riscos, entre os quais mencionou a falta de emprego e um aumento da desigualdade nos países mais ricos, o que, em sua opinião, pode atentar contra a própria democracia.

A voz dos movimentos do Fórum Social Mundial foi assumida no ato pelo diplomata boliviano Pablo Solón, reconhecido defensor do meio ambiente e ativista do movimento contra a globalização. Ele condenou as minutas da Rio+20 por promoverem o impulso à economia verde.

Solón considerou que 'isso transformará a natureza em uma mercadoria e levará à privatização do meio ambiente' através do comércio de tecnologias, licenças ambientais e serviços ambientais, sem atacar o atual modelo de produção e consumo.

Aclamado pelos ambientalistas, o diplomata boliviano propôs ao Fórum que inicie 'uma grande campanha mundial contra a economia verde' e leve esses protestos ao Rio de Janeiro em junho, quando o movimento contra a globalização pretende realizar uma denominada Cúpula dos Povos em paralelo à Rio+20.

'Vencer essa resistência será um desafio muito maior', exclamou Solón, num momento em que se referia à luta contra a Área de Livre-Comércio das Américas (Alca), iniciativa promovida pelos Estados Unidos nos anos 1990 e 2000, mas que acabou estagnada pela oposição dos movimentos sociais e dos governos de centro-esquerda da América Latina.

Ele também criticou os países que pretendem deixar a economia verde nas mãos do setor privado por uma suposta falta de recursos financeiros em tempos de crise. 'Dizem que não há dinheiro, mas é mentira. Basta investir os gastos militares na defesa da natureza', disse Solón. 'O capitalismo atual e o capitalismo futuro pintado de verde estão pondo todo o planeta em risco'.

Em reunião com membros do Comitê Internacional do Fórum Social Mundial, realizada antes do ato no Gigantinho, Dilma tinha colocado em xeque boa parte do discurso do movimento contra a globalização.

Segundo disseram aos jornalistas alguns dos participantes do evento, entre os quais o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos e o jornalista espanhol Ignacio Ramonet, Dilma afirmou que o mundo atual precisa de 'alternativas' e que 'o discurso anticapitalista não dura nem cinco segundos'. 

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