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Diários de espião britânico mostram visão sobre Guerra Fria

10 diários de Guy Liddell, então vice-diretor-geral da agência MI5, oferecem uma perspectiva privilegiada do surgimento de um sistema político que iria dominar o mundo


	Bandeira do Reino Unido
 (Getty Images)

Bandeira do Reino Unido (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 26 de outubro de 2012 às 13h28.

Londres - Os diários divulgados nesta sexta-feira de um dos mais altos oficiais de inteligência britânica revelaram trechos da vida cotidiana da espionagem, como, por exemplo, quando o espião da Guerra Fria Klaus Fuchs foi ordenado a lançar uma revista em um jardim de Londres para marcar um encontro com seu contato russo.

Fuchs, um físico nuclear que foi um dos espiões mais valiosos da União Soviética antes de ser preso, em 1950, teve que marcar a página 10 da revista para mostrar que queria se encontrar com seu contato, que iria responder com uma marca de giz em um poste de luz local.

Os 10 diários de Guy Liddell, então vice-diretor-geral da agência de espionagem doméstica MI5, oferecem uma perspectiva privilegiada do surgimento de um sistema político que iria dominar o mundo nas décadas seguintes.

Liddell incansavelmente documentou seus negócios entre 1945 e 1953 com o governo britânico e outros funcionários de inteligência, incluindo o governo de Clement Attlee, e os "Cinco de Cambridge", agora notórios agentes duplos que Liddell menciona com carinho.

Especialistas dizem que esses diários, que começam de onde os diários de Liddel divulgados anteriormente sobre a Segunda Guerra Mundial terminaram, contribuem para a compreensão do período porque eles vêm de uma fonte oficial com uma mente afiada e alto nível de acesso a informações confidenciais.

"Nós estamos obtendo uma imagem do que estava acontecendo no centro do mundo da inteligência, bem como aconteceu, de uma pessoa no topo, escrevendo com total sinceridade, e alguém que conhecia muitos dos indivíduos envolvidos", disse Andrew Lownie, jornalista e escritor sobre o mundo da inteligência. "Nós temos todo o início da Guerra Fria." As negociações bizarras das agências de inteligência levam Liddell a contar histórias de Charlie Chaplin, "discos voadores" e um "homem luminoso" que "brilha no escuro" após sua exposição ao plutônio em uma instalação nuclear, que ele ficou até tarde da noite ditando para sua secretária.

Os diários também oferecem detalhes do que estava acontecendo no interior das agências de inteligência quando Donald Maclean e Guy Burgess, dois dos agentes duplos chamados de "Cinco de Cambridge" que passaram segredos para Moscou, fugiram da Grã-Bretanha.


Sigilo

Liddell descreveu como a descoberta de que os russos haviam testado a bomba atômica em 1949 foi anunciada ao Comitê de Inteligência Conjunta pelo presidente do gabinete de Relações Estrangeiras, William Hayter, dentro de um "melodramático vínculo de sigilo".

"Hayter tirou os secretários da sala e disse que, se houvesse alguém presente que não pudesse guardar o que seria dito para si mesmo, que gentilmente deixasse a sala", registrou ele em setembro de 1949.

A descoberta havia "deixado os cálculos de todos desatualizados", escreveu ele no dia de Ano Novo em 1950, afirmando que não estava claro se ainda era uma bomba experimental.

"Está, no entanto, claro que, até 1957, de qualquer modo, os russos deverão ter bombas atômicas suficientes para apagar este país por completo." Alguns especialistas acreditam que os russos foram capazes de desenvolver armas atômicas pelo menos um ano antes do previsto por causa das informações passadas a eles pelo físico Fuchs.

Liddell, que especialistas dizem que teria ficado surpreso em saber que os diários que ele ditou todas as noites para sua secretária foram publicados, também faz observações pessoais sobre acontecimentos mundiais, tais como o assassinato de Gandhi.

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