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Diálogo entre governo e oposição da Venezuela fica em ponto morto

Negociações foram paralisadas após a decisão da aliança opositora de não viajar à República Dominicana nesta quinta-feira

MUD exigiu do ministro do Interior, Néstor Reverol, "uma retificação" por suas afirmações sobre a localização do piloto Óscar Pérez (Roberto Guzman/Reuters)

MUD exigiu do ministro do Interior, Néstor Reverol, "uma retificação" por suas afirmações sobre a localização do piloto Óscar Pérez (Roberto Guzman/Reuters)

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AFP

Publicado em 19 de janeiro de 2018 às 08h25.

A negociação entre o governo e a oposição venezuelanos que ocorre na República Dominicana parecia entrar em ponto morto, após a decisão da aliança opositora de não viajar a Santo Domingo nesta quinta-feira.

Os delegados da Mesa da Unidade Democrática (MUD) cancelaram sua viagem a Santo Domingo após o ministro da Defesa, general Néstor Reverol, afirmar que dirigentes da aliança opositora colaboraram com a localização do piloto rebelde Óscar Pérez, morto em uma operação policial na segunda-feira.

A MUD exigiu do ministro do Interior, Néstor Reverol, "uma retificação" por suas afirmações sobre a localização de Pérez, protagonista de ações contra o governo do presidente Nicolás Maduro.

Pérez foi encurralado com um grupo de homens em uma casa a 25 km de Caracas, e em um vídeo acusou as autoridades de querer matá-lo, sem aceitar sua rendição.

"Reverol mentiu para os venezuelanos e suas declarações bloqueiam a reunião", disse o deputado Luis Florido, um dos negociadores da MUD.

Jorge Rodríguez, principal negociador de Maduro, acusou a oposição de recorrer a "desculpas fúteis" para bloquear as negociações.

"Sucumbem à pressão dos que se negam à saída eleitoral na Venezuela, dos que querem boicotear a próxima eleição presidencial", disse Rodríguez, citando "fatores" dos Estados Unidos e de outros governos críticos a Maduro.

A Conferência Episcopal Venezuelana (CEV) denunciou "o massacre horrível" envolvendo a morte de Pérez e declarou que "há evidências que precisam ser investigadas e explicadas razoavelmente aos familiares e a toda a comunidade venezuelana".

Enquanto as negociações parecem estancadas, representantes dos países da União Europeia (UE) em Bruxelas deram nesta quinta-feira seu aval a adoção de sanções contra responsáveis pela "repressão" e a crise política na Venezuela.

"Os embaixadores acertaram novas listas para impor medidas restritivas diante da situação na Venezuela", disse uma fonte diplomática à AFP, citando sanções individuais contra "sete pessoas".

As medidas, que incluem o congelamento de ativos e a proibição de viajar ao Bloco, deverão ser adotadas formalmente na semana que vem, "provavelmente" durante a reunião de chanceleres europeus na segunda-feira, segundo outra fonte diplomática.

O objetivo das sanções é "apoiar o processo de diálogo" em curso entre governo e oposição, indicou uma terceira fonte diplomática europeia, destacando a "percepção, que se confirmou nos últimos dias, de que se deve continuar pressionando".

Preocupada com a "deterioração" da democracia e os direitos humanos no país, a UE já adotou em novembro uma série de medidas, entre elas um embargo de armas e de material que poderia ser usado para "repressão interna".

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