Policiais de Mianmar montam guarda em Yangun: a violência, que provocou uma fuga intensa dos rohingyas, revelou um forte racismo na sociedade birmanesa (Soe Than Win/AFP)
Da Redação
Publicado em 21 de março de 2013 às 09h58.
Yangon - Pelo menos 10 pessoas morreram nesta quinta-feira em confrontos entre comunidades budistas e muçulmanas na região central de Mianmar.
"Vi vários corpos após os atos de violência desta manhã. Há mais de 10 mortos na localidade de Meiktila", afirmou, sem revelar mais detalhes, Win Htein, deputado da circunscrição, integrante da Liga Nacional para a Democracia (LND), partido da opositora Aung San Suu Kyi.
O toque de recolher foi imposto na localidade de Meiktila, após o brutal aumento da violência, que começou na quarta-feira com uma discussão em um mercado entre um vendedor muçulmano e clientes.
Duas pessoas, incluindo um monge budista, morreram e várias ficaram feridas na quarta-feira, segundo a polícia local.
"Três mesquitas foram destruídas. O toque de recolher vai das 20H00 até a 05H00", afirmou uma fonte policial.
O embaixador americano, Derek Mitchell, afirmou que está "muito preocupado com a violência" e apresentou em um comunicado suas "condolências às famílias dos que perderam a vida".
Os incidentes aconteceram em um país no qual as relações se tornaram extremamente tensas entre budistas e muçulmanos nos últimos meses.
Duas ondas de violência entre membros da etnia budista rakhine e muçulmanos apátridas da minoria rohingya deixaram pelo menos 180 mortos e mais de 115.000 deslocados em 2012 no estado de Rakhine (oeste).
A violência, que provocou uma fuga intensa dos rohingyas, revelou um forte racismo na sociedade birmanesa, que em sua maioria considera o budismo como parte integrante da cultura nacional.