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Devastado, Porto Rico se prepara para inundações "catastróficas"

O NHC anunciou que a ilha deve esperar entre 500 e 750 milímetros de chuva até sábado, chegando a até 900 milímetros em alguns locais

Porto Rico: o furacão deixou para trás telhados arrancados, imóveis destruídos e vilarejos submersos (Sebastian Perez/Reuters)
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AFP

Publicado em 21 de setembro de 2017 às 11h34.

Última atualização em 21 de setembro de 2017 às 11h35.

Devastada pela passagem do furacão Maria na quarta-feira, a ilha de Porto Rico se preparava nesta quinta-feira (21) para inundações potencialmente "catastróficas", com chuvas torrenciais nos próximos dois dias.

O furacão deixou para trás telhados arrancados, imóveis destruídos e vilarejos submersos, obrigando dezenas de milhares de pessoas a procurar abrigo.

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O Centro Nacional de Furacões americano (NHC, na sigla em inglês) anunciou que a ilha deve esperar entre 500 e 750 milímetros de chuva até sábado, chegando a até 900 milímetros em alguns locais.

"Se puderem, vão para locais altos AGORA", alertava nesta quinta-feira ao amanhecer o serviço meteorológico nacional, falando de inundações "catastróficas" e de risco de deslizamentos.

Oscilando entre as categorias 4 e 5 (a mais alta) quando atingiu Porto Rico, o furacão provocou "a tempestade mais devastadora em um século" na ilha, declarou o governador de Porto Rico, Ricardo Rossello.

O furacão mais catastrófico a atingir a ilha foi Okeechobee, conhecido como San Felipe Segundo, em 1928, que matou 300 pessoas.

"Houve muitas inundações, muitas infraestruturas danificadas, o sistema de telecomunicações foi parcialmente destruído, e a infraestrutura elétrica não está funcionando", disse o governador à CNN.

A infraestrutura elétrica já havia sido danificada pelo Irma e, desta vez, "receio que os danos sejam muito severos", acrescentou Rossello, avaliando que "se for esse o caso, pode ser uma história de meses, não dias, para colocar tudo em ordem novamente".

Enquanto isso, toda a ilha está sem eletricidade.

Devastação "praticamente absoluta"

A devastação foi "praticamente absoluta", afirmou, aos prantos, a prefeita da capital, Carmen Lulin Cruz, acrescentando que "muitas partes de San Juan estão completamente inundadas".

"Nossa vida como a conhecemos mudou", desabafou.

Um homem morreu em Bayamon, no nordeste da ilha, atingido por uma tábua que ele havia utilizado para bloquear uma janela e que o vento arrancou, relatou o governo.

Nos abrigos, todos testemunham a violência de Maria.

"Quando os ventos começaram a soprar (...) tivemos que subir para o segundo e o terceiro andares com todas as nossas coisas e os cachorros", conta Suzette Vega, de 49 anos, à AFP por telefone. Ela encontrou refúgio com outras 1.200 pessoas em uma casa de shows em San Juan.

"Quando olhei para cima, vi o telhado tremer como uma folha. Perguntei se era feito de papelão. Disseram que não, que era de cimento", completou.

No centro da capital, Imy Rigau, de 53, viu seu apartamento ser invadido pela água depois que o teto voou.

"A água descia pelas escadas como uma cachoeira", relata Imy, muito abalada. "Estamos presos no corredor", lamenta, em conversa por telefone com a AFP.

As autoridades decretaram toque de recolher, de 18h até 6h, por segurança e para evitar saques nas casas dos habitantes que precisaram procurar abrigo.

"Consequência do aquecimento global"

Como Porto Rico, várias ilhas do Caribe, já devastadas por Irma na semana passada, voltaram a enfrentar enchentes, telhados e árvores arrancadas.

Em Guadalupe, ao menos duas pessoas morreram, e outras duas estão desaparecidas no mar desde a passagem de Maria na terça-feira.

Mais ao sul, na ilha da Dominica, que também foi devastada por Maria na terça, sete pessoas perderam a vida. As autoridades alertaram que o balanço ainda pode aumentar. Os ventos violentos dificultam as operações de socorro.

Imagens aéreas da AFP mostravam parte da Dominica repleta de detritos, principalmente de telhados. Um voo de reconhecimento permitiu ao Centro de Emergências do Caribe (CDEMA) estimar danos a "70%-80% dos prédios", de acordo com seu diretor, Ronald Jackson.

"O país está completamente atordoado", declarou um conselheiro do primeiro-ministro da Dominica.

"Não há mais eletricidade, nem água corrente, nem telefones, fixos ou celulares, e isso provavelmente vai durar muito tempo", reconheceu ele, em um comunicado.

As Ilhas Virgens americanas também sofreram com o furacão, mas nenhuma vítima foi relatada até o momento. Já Irma deixou nove mortos.

Maria também parece ter poupado a ilha franco-holandesa de Saint Martin, onde Irma matou 15 pessoas.

Depois de ter recuado para a categoria dois, o furacão acaba de retornar à categoria três. Deve passar 100 quilômetros ao norte da República Dominicana nesta quinta-feira, seguindo sua rota para as ilhas britânicas de Turks e Caicos.

Na terça, o presidente francês, Emmanuel Macron, declarou que esses furacões são "uma consequência direta do aquecimento global", em uma crítica à decisão americana de abandonar o Acordo de Paris sobre o clima.

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