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Destruição no sul de Damasco impede retorno de moradores, diz ONU

A estimativa foi divulgada logo após o Exército sírio anunciar que assumiu ontem o controle total da capital do país pela 1ª vez desde de 2012

Exército da Síria em Damasco: a região sul da capital foi severamente afetada (Omar Sanadiki/Reuters)

Exército da Síria em Damasco: a região sul da capital foi severamente afetada (Omar Sanadiki/Reuters)

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AFP

Publicado em 22 de maio de 2018 às 09h56.

A ONU estimou nesta terça-feira (22) que é impossível acreditar em um retorno dos habitantes do campo de refugiados palestinos de Yarmuk, no sul de Damasco, reconquistado na segunda-feira (21) pelo regime sírio e devastado pelos combates.

As forças do presidente sírio, Bashar al-Assad, expulsaram na segunda-feira os jihadistas do grupo Estado Islâmico (EI) do acampamento e dos distritos adjacentes de Tadamun e Hajar al-Aswad, assumindo assim o controle total de Damasco pela primeira vez desde de 2012.

Asfixiada desde meados de 2013 por um implacável cerco, o mesmo vivido por Ghouta Oriental antes de sua recente e sangrenta reconquista pelo governo sírio, Yarmuk foi bombardeada noite e dia desde 19 de abril pela Força Aérea e pela artilharia do regime até que um cessar-fogo entrasse em vigor em 19 de maio.

A ofensiva foi realizada pelo governo, apoiado por facções palestinas locais. Moscou se envolveu militarmente ao lado do regime, com agentes russos supervisionando a operação, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Os combatentes do EI que controlavam, até o fim das hostilidades, metade desse campo e 15% do bairro vizinho de Tadamun, conforme o OSDH, terminaram por se render e aceitar um acordo de evacuação negociado pelos russos e pelas facções palestinas.

Yarmuk foi severamente afetado pelos combates e é difícil imaginar a retomada de uma vida normal, indicou nesta terça a agência da ONU que ajuda os refugiados palestinos (UNRWA).

"Yarmuk já foi um lar próspero para 160.000 palestinos. Hoje, está em ruínas, e quase nenhuma casa está intacta", declarou à AFP o porta-voz da UNRWA, Chris Gunness.

"O sistema de saúde pública, o abastecimento de água, eletricidade e serviços básicos foram severamente danificados. As marcas deste implacável conflito estão em toda parte", lamentou o porta-voz, dizendo que, neste ambiente, será difícil ver pessoas retornando para morar no acampamento.

Segundo ele, entre 100 e 200 civis permanecem instalados em Yarmuk, incluindo idosos e doentes.

Localizado a sete quilômetros do centro de Damasco, Yarmuk era originalmente um campo de refugiados criado pela ONU em 1950 para acomodar os palestinos expulsos de suas terras, ou que fugiram da guerra árabe-israelense depois da criação de Israel em 1948.

Ele foi transformado ao longo das décadas em um bairro residencial e comercial, que se estende por dois quilômetros quadrados, mas manteve o nome de "acampamento".

Antes do início do conflito sírio em 2011, abrigava cerca de 160.000 refugiados palestinos, bem como sírios.

Anwar Abdel Hadi, um representante local da Organização para Libertação da Palestina (OLP), disse à AFP que as discussões estavam em andamento com a UNRWA para ver como o acampamento seria reconstruído.

"O próximo passo após a libertação (do campo) é limpar os escombros para avaliar os danos, a fim de reconstruir e restaurar a infraestrutura para permitir que os civis possam retornar", acrescentou.

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