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Desigualdades se agravam na América Latina com aumento da crise climática

Brasil, Paraguai e Bolívia, entre outros países da região, têm sofrido com a seca e incêndios

(Mayke Toscano/Secom-MT/Divulgação)
EFE

Agência de Notícias

Publicado em 7 de outubro de 2024 às 18h11.

A desigualdade social que persiste na América Latina está se agravando com uma crise climática que atinge mais duramente os setores mais pobres da sociedade, concluíram especialistas no II Fórum Latino-Americano de Economia Verde, em São Paulo.

A crise climática já é uma realidade na região, alertaram os especialistas no Fórum, organizado pela Agência EFE e que reuniu organizações internacionais, autoridades locais e especialistas em meio ambiente, nos dias 1 e 2 de outubro.

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Brasil, Paraguai e Bolívia, entre outros países da região, têm sofrido com a seca e incêndios.

O Pantanal vive neste ano sua pior escassez de água dos últimos 70 anos, de acordo com Jaime Verruck, secretário do Meio Ambiente do Mato Grosso do Sul.

As regiões mais desenvolvidas também não foram poupadas. O estado de São Paulo registrou 2.522 incêndios somente em setembro, o maior número para o mês desde 1998. Alguns deles foram criminosos.

Problema de prioridades

Nesse contexto, as populações mais vulneráveis são as primeiras a sentir os efeitos dessas catástrofes cada vez mais danosas e frequentes.

“Os povos indígenas no Brasil são sete vezes mais afetados pela mudança climática”, alertou Claudio Providas, representante do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) no Brasil.

Providas considera que é necessário “avançar” e “ver onde estão as prioridades”. Ele denunciou o valor recorde de gastos militares globais em 2023, que chegou a US$ 2,4 trilhões, uma quantia infinitamente inferior ao que é investido em desenvolvimento.

No entanto, existem soluções para mitigar e se adaptar aos efeitos da mudança climática, embora muitas delas estejam em nível micro.

Seca e crimes agravam incêndio no Pantanal

Favelas se mobilizam

Favelas do país se mobilizaram para implementar iniciativas com o objetivo de mitigar os efeitos da mudança climática. Um desses projetos é o “Agrofavela-Refazenda”, uma horta de 900 metros quadrados no meio de Paraisópolis, em São Paulo, que também capacita “agricultores urbanos” por meio de um curso para mulheres, muitas das quais são vítimas de violência de gênero.

Os alimentos produzidos de forma sustentável também são utilizados em outro projeto, o “Mãos de Maria”, que por sua vez produz marmitas para famílias em situação de insegurança alimentar, segundo Gilson Rodrigues, presidente da ONG G10 Favelas, que reúne líderes das maiores favelas do país.

Reciclagem, um setor inexplorado

Outro agente importante para o meio ambiente são os catadores e a gestão de resíduos, uma fonte econômica que pode ser sustentável e que não é totalmente explorada na América Latina.

No Brasil, a grande maioria dos catadores de materiais recicláveis trabalha informalmente, embora eles sejam responsáveis por 90% de todo o lixo reciclado. Em média, esses trabalhadores recebem cerca de R$ 540 por cada tonelada de material que coletam.

Faltam incentivos, regulamentação e políticas públicas para incluir esses recicladores informais”, disse Nanci Darcolléte, diretora executiva da Pimp My Carroça, uma ONG que dignifica o trabalho dos catadores.

Carlos Henrique Rossin, diretor de ESG da Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente, que reúne empresas do setor, defendeu o incentivo à reciclagem por meio da cobrança de uma taxa dos cidadãos pelo lixo e da isenção de impostos sobre a atividade.

O fórum foi patrocinado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), e pela empresa Norte Energia, operadora da hidrelétrica de Belo Monte, e contou com o apoio da Vivo e da Câmara Espanhola de Comércio no Brasil.

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