Desafiando Supremo, parlamento da Venezuela nomeará 13 juízes
A movimentação bate de frente com um alerta do TSJ do país, que disse que os novos juízes podem ser presos por "usurpação de funções".
Reuters
Publicado em 21 de julho de 2017 às 12h43.
Caracas - O Parlamento da Venezuela , com maioria da oposição, vai nomear na sexta-feira 13 juízes para a mais alta corte do país, uma manobra que desafia o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), que alertou que os novos juízes podem ser presos por "usurpação de funções".
No final de 2015, o Congresso, então com maioria governista, nomeou 13 magistrados e 20 suplentes do Tribunal Supremo, o que foi criticado pela oposição como um processo "falho e apressado", poucos dias antes de a oposição assumir o comando da Assembleia Nacional após vencer as eleições legislativas.
"A Câmara Constitucional do Tribunal Supremo declarou nulo o processo através do qual a Assembleia Nacional pretende nomear um grupo de juízes da mais alta corte do país", disse o TSJ na quinta-feira em um comunicado à imprensa.
O tribunal explicou que sua decisão se baseia, entre outros aspectos, nos mandatos dos juízes que não estão vencidos e advertiu que quem "indevidamente assumir ou exercer cargo público civil ou militar será culpado de crime de usurpação de funções".
A disputa entre os Poderes aprofunda ainda mais a crise política na Venezuela, onde milhões de pessoas tomaram as ruas desde abril para protestar contra o que consideram uma "ditadura" do presidente Nicolás Maduro.
Na quinta-feira, a oposição convocou uma greve geral que contou com adesão em massa, mas acabou com pelo menos três mortos após confrontos com a polícia. Nos últimos quatro meses, cerca de 100 pessoas morreram.
Maduro, de 54 anos, diz que os protestos estão tentando apenas derrubá-lo e prometeu ir em frente com a sua controversa iniciativa para mudar a Constituição através de uma Assembleia Constituinte, onde a oposição não vai participar.
Os juízes do Tribunal Supremo têm entre suas funções a declaração se há motivos para acusar o presidente, vice-presidente, ministros, deputados, diplomatas e outros funcionários.
Eles também são responsáveis pela resolução de litígios entre as autoridades públicas e têm o poder de vetar leis aprovadas pela própria Assembleia Nacional.
A Constituição venezuelana estabelece que os membros dos poderes públicos devem ser nomeados com a aprovação de dois terços do Parlamento, mas manobras legais permitiram aos governistas fazê-lo no final de 2015 com maioria simples.