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Deputados da Argélia abandonam parlamento em apoio a protestos

Os protestos acontecem contra a possível candidatura de Bouteflika, de 82 anos, para um quinto mandato nas eleições presidenciais de abril

Policiais de guarda em frenta a protesto contra presidente da Argélia, Abdelaziz Bouteflika, em Argel
08/03/2019 (Zohra Bensemra/Reuters)

Policiais de guarda em frenta a protesto contra presidente da Argélia, Abdelaziz Bouteflika, em Argel 08/03/2019 (Zohra Bensemra/Reuters)

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EFE

Publicado em 11 de março de 2019 às 13h27.

Argel — Os deputados de seis partidos da oposição da Argélia se retiraram nesta segunda-feira da sessão do parlamento em protesto pela decisão do presidente do país, Abdelaziz Bouteflika, de concorrer a um quinto mandato consecutivo apesar de sua grave doença.

Os parlamentares pertencentes aos partidos FFS, RCD, MSP, PT, Frente Futuro e Al Bina saíram do plenário pouco antes do início de uma sessão convocada para debater três novas leis, que foram aprovadas graças aos legisladores da coalizão de governo.

Depois, os deputados se reuniram na parte externa do parlamento para expressar apoio aos grandes protestos populares que sacodem o país há três semanas.

Aos protestos também se uniram hoje juízes e médicos, além de outros profissionais liberais.

As mobilizações começaram há vários meses nos estádios de futebol e, em um princípio, estavam voltadas contra a possível candidatura de Bouteflika, de 82 anos, para um quinto mandato nas eleições presidenciais de abril.

Os protestos depois chegaram às ruas do país em 22 de fevereiro, dias antes de o regime suspender a inauguração do novo aeroporto de Argel, que contaria com a presença do presidente.

Desde então, as mobilizações aumentaram a cada sexta-feira e passaram de um protesto contra o quinto mandato para um clamor popular de milhões de cidadãos contra a corrupção de um regime dominado pelo exército e pelo serviço secreto desde a independência do país da França em 1962.

A pressão nas ruas foi mantida diariamente pelos estudantes, uma ação que o regime tentou reduzir antecipando em dez dias as férias universitárias, que começaram no domingo em todo o país.

Na presidência desde 1999, Bouteflika sofreu em 2013 um "derrame cerebral" que prejudicou suas faculdades físicas e que o impediu de fazer campanha nas eleições presidenciais do ano seguinte, mas não de ganhar o pleito.

Desde então, Bouteflika não fala em público, se locomove em uma cadeira de rodas empurrada por seu irmão Said e suas aparições públicas são incomuns, reduzidas a imagens gravadas pela emissora estatal de televisão por causa do Conselho de Ministros ou devido a visitas de altos dignitários estrangeiros.

Há cinco anos o presidente argelino não viaja para compromissos no exterior e nos dois últimos cancelou de última hora, por "recaídas de saúde", reuniões já confirmadas com nomes importantes da política mundial como a chanceler alemã Angela Merkel e o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohamad bin Salman.

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