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Deputada dos EUA se recusa a visitar Israel em "condições opressoras"

A pedido de Donald Trump, parlamentar americana foi proibida pelo governo local de entrar em Israel para visitar a avó

Rashida Tlaib: deputada foi proibida pelo governo israelense de entrar no país (Rebecca Cook/Reuters)

Rashida Tlaib: deputada foi proibida pelo governo israelense de entrar no país (Rebecca Cook/Reuters)

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AFP

Publicado em 17 de agosto de 2019 às 09h56.

Última atualização em 17 de agosto de 2019 às 09h57.

A representante (deputada) americana Rashida Tlaib se recusou, na sexta-feira (16), a usar um visto humanitário concedido por Israel para visitar sua avó na Cisjordânia.

Em um primeiro momento, seu pedido de visto de trabalho foi rejeitado por seu apoio ao boicote ao Estado hebreu.

"Decidi que visitar minha avó sob estas condições opressoras é contra tudo em que acredito na luta contra o racismo, a opressão e a injustiça", tuitou a política democrata de origem palestina.

Na quinta-feira (15), as autoridades israelenses proibiram a visita de Rashida e de Ilhan Omar, duas representantes democratas críticas a Israel e que apoiam o boicote contra o país.

Ambas são críticas ferrenhas do presidente americano, Donald Trump, e são as primeiras muçulmanas eleitas representantes no Congresso dos Estados Unidos. Rashida Tlaib também é a primeira congressista americana de origem palestina.

Rashida nasceu em Detroit, no estado do Michigan, em uma família de imigrantes palestinos, enquanto Omar nasceu na Somália e chegou aos Estados Unidos como refugiada, quando era pequena.

Depois de ter seu visto negado na quinta-feira, Rashida apresentou solicitou uma permissão humanitária para visitar sua avó, no povoado de Beit Ur al Fauqa, perto de Ramallah, na Cisjordânia ocupada.

"Pode ser minha última chance de visitá-la", alegou a congressista em uma carta divulgada na Internet. Nesta sexta, ela descartou a viagem a Israel, porta de entrada para os territórios palestinos.

"Quando ganhei, dei ao povo palestino a esperança de que alguém finalmente fosse dizer a verdade sobre as condições desumanas. Não posso permitir que o Estado de Israel apague esta luz me humilhando e usando o amor por minha 'sity' (avó) para me dobrar com suas políticas opressoras e racistas", afirmou.

Ao solicitar a permissão humanitária, Tlaib havia se comprometido a "respeitar todas as restrições" e a não promover o boicote a Israel durante a visita. "Me silenciar e me tratar como uma criminosa não é o que ela quer para mim. Isso mataria um pedaço de mim".

Na noite da sexta-feira, Trump declarou no Twitter que a decisão de Tlaib foi uma "manipulação total". "A representante Tlaib escreveu uma carta aos funcionários israelenses dizendo que desejava desesperadamente visitar sua avó. A permissão foi rapidamente concedida, após o que Tlaib a rejeitou ofensivamente. Manipulação total".

"A única ganhadora real aqui é a avó de Tlaib. Agora não precisará vê-la".

O movimento BDS (Boicote, Desinvestimento, Sanções) faz um apelo ao boicote econômico, cultural e científico de Israel para protestar contra a ocupação dos Territórios Palestinos.

Em 2017, Israel votou uma lei que permite proibir a entrada em seu território aos partidários do BDS. Israel vê o movimento como uma ameaça estratégica e o acusa de antissemitismo. Os ativistas rejeitam a acusação, alegando que querem apenas ver o fim da ocupação.

Em um comunicado divulgado na quinta, Hanane Achraui, membro do comitê executivo da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), criticou a decisão de Israel, considerando-a "escandalosa".

"A decisão israelense de proibir as eleitas do Congresso Rashida Tlaib e Ilhan Omar de visitarem a Palestina é um ato de hostilidade escandaloso contra o povo americano e seus representantes", declarou Achraui.

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