Polícia no local de tiroteio em Dayton, Ohio, dia 4/8/2019 (Bryan Woolston/Reuters)
AFP
Publicado em 4 de agosto de 2019 às 09h22.
Última atualização em 4 de agosto de 2019 às 11h05.
A violência com armas de fogo voltou a provocar cenas de pesadelos nos Estados Unidos no fim de semana, depois que dois ataques executados em um intervalo de menos de 24 horas provocaram 29 mortes e deixaram 40 feridos.
O primeiro ataque aconteceu no sábado em um centro comercial comercial de El Paso, Texas: 20 pessoas morreram e 26 ficaram feridas, algumas delas em estado crítico, informaram as autoridades da cidade, que prenderam um homem branco de 21 anos.
O caso está sendo investigado como um possível crime de ódio.
"Vinte pessoas inocentes de El Paso perderam a vida", afirmou o governador do Texas, Greg Abbott, em uma entrevista coletiva algumas horas depois do tiroteio, que começou durante a manhã em um mercado Walmart.
De acordo com Greg Allen, chefe de polícia de El Paso, que fica na fronteira com o México, a ação é investigada como um "possível crime de ódio", pois um manifesto atribuído ao suspeito que circula na internet denuncia uma "invasão hispânica do Texas" e explica os motivos do ataque.
O pré-candidato democrata à presidência Beto O'Rourke, nascido em El Paso, acusou o presidente Donald Trump de incitar o ódio ao mudar o "caráter deste país" e levá-lo à "violência".
Poucas horas depois do ataque, às 01H00 de domingo (hora local), um homem matou nove pessoas e deixou 16 feridos em Dayton, no estado de Ohio.
"O autor foi morto por ferimentos de bala produzidos pela resposta policial", afirmou o tenente-coronel da polícia local Matt Carper.
O suspeito abriu fogo na rua com uma arma de calibre longo e com muitas munições, informou o policial.
"Felizmente contávamos com muitos agentes nas imediações quando começou o incidente. Assim, a violência durou pouco tempo", declarou Carper.
"É um incidente muito trágico e estamos fazendo todo o possível para investigar e tentar identificar a motivação do tiroteio".
O tenente-coronel indicou que testemunhas estão sendo interrogadas para determinar se há mais alguém envolvido no ataque.
O presidente Donald Trump escreveu no Twitter que o primeiro tiroteio foi "um ato de covardia" e que "não há razões ou desculpas que justifiquem matar pessoas inocentes".
O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, informou que três mexicanos morreram no ataque. O ministério das Relações Exteriores citou ainda seis feridos.
López Obrador expressou condolências e lamentou o fato. "Conheço El Paso, Texas, sei que é um lugar muito pacífico, um dos condados com menos violência nos Estados Unidos".
El Paso tem 680.000 habitantes, 83% deles hispânicos, de acordo com dados de 2018. A cidade tem média de 18 homicídios ao ano, uma taxa pequena em comparação a outras localidades de tamanho similar.
A cidade é vizinha da mexicana Ciudad Juárez, no estado de Chihuahua, e seus habitantes mantêm uma intensa atividade social e comercial, com moradores dos dois lados atravessando a fronteira para trabalhar, estudar ou fazer compras.
O governo de El Salvador lamentou as mortes no tiroteio e condenou as "expressões xenófobas do agressor contra a comunidade latina nos Estados Unidos".
Depois da tragédia de El Paso, como é comum após todos os massacres, diversas pessoas voltaram a pedir uma regulamentação mais rígida do mercado de armas.
"É hora de agir e acabar com esta epidemia de violência relacionada com as armas", tuitou Joe Biden, um dos favoritos na disputa democrata pela indicação à candidatura presidencial.
Estados Unidos, onde o porte de armas é legal, é cenário frequente de tiroteios em escolas, assim como em templos religiosos, locais de trabalho e entretenimento ou negócios.
Na terça-feira, duas pessoas morreram e um policial ficou ferido em outro mercado Walmart, no Mississippi. No domingo passado, um homem matou três pessoas, incluindo um menino de seis anos, em um festival gastronômico em Gilroy, Califórnia, ao sul de San Francisco.