Mike Pompeo e Trump: democratas pressionam republicanos por documentos sobre a Ucrânia (Leah Millis/Reuters)
Reuters
Publicado em 2 de outubro de 2019 às 18h00.
Última atualização em 2 de outubro de 2019 às 18h02.
Os democratas intensificaram nesta quarta-feira, 2, seu inquérito de impeachment do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmando que solicitarão registros da Casa Branca relativos à sua conversa telefônica de julho com o presidente da Ucrânia e alertando o secretário de Estado, Mike Pompeo, e outras autoridades a não obstruírem a investigação.
Pompeo, que é próximo de Trump, admitiu nesta quarta-feira durante uma viagem à Itália que acompanhou o telefonema em que o presidente pediu ao líder ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, para que este investigasse o ex-vice-presidente Joe Biden, seu rival político.
A conversa levou a Câmara dos Deputados de maioria democrata a lançar seu inquérito de impeachment na semana passada.
A confissão de Pompeo veio um dia depois de ele contestar os esforços dos democratas para obter depoimentos de cinco ex-autoridades e autoridades atuais do Departamento de Estado como parte do inquérito de impeachment.
"Mas não estamos de brincadeira aqui. Não queremos que isso se arraste durante meses e meses e meses, o que parece ser a estratégia do governo", disse Adam Schiff, presidente do Comitê de Inteligência da Câmara, que conduz o inquérito, em uma coletiva de imprensa ao lado da presidente da Câmara, Nancy Pelosi.
Elijah Cummings, presidente do Comitê de Supervisão da Câmara, disse que pretende intimar a Casa Branca para obter registros referentes à Ucrânia na sexta-feira, a exigência mais recente de indícios de um governo que vem resistindo repetidamente a tais iniciativas dos democratas.
Em um memorando ao comitê no qual explica a ação, Cummings acusou a gestão Trump de "descaso flagrante com diversos pedidos voluntários de documentos".
Schiff disse que os democratas estão profundamente preocupados com a possível interferência do governo Trump com testemunhas, dizendo que tais esforços por parte do presidente, de Pompeo ou de outros seriam considerados uma obstrução da justiça.
A Câmara lançou formalmente o inquérito de impeachment após uma queixa feita por um delator da comunidade de inteligência dos EUA a respeito do pedido de Trump a Zelenskiy.
Trump fez o pedido a Zelenskiy pouco depois de congelar quase 400 milhões de dólares em ajuda à Ucrânia. Zelenskiy concordou com o apelo no telefonema, e a ajuda foi aprovada mais tarde. Democratas acusaram Trump de pressionar um aliado vulnerável dos EUA a obter informações comprometedoras sobre um adversário político para ter uma vantagem política pessoal.
"Eu estava no telefonema", disse Pompeo a repórteres durante uma visita à Itália.
O secretário tentou argumentar que a conversa telefônica foi apropriada, dizendo que ela se deu no contexto das políticas dos EUA para a Ucrânia, incluindo "remover a ameaça russa", extirpar a corrupção no governo e impulsionar a economia.
(Reportagem adicional de Makini Brice em Washington e Katya Golubkova em Moscou)