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Delator do escândalo da Fifa, Blazer coopera com FBI

Réu confesso no processo que investiga o mega-escândalo de corrupção da Fifa, Chuck Blazer começou a ser informante do FBI em dezembro de 2011


	Chuck Blazer: acordo estabelece que Blazer "aceita participar de atividades de infiltração, seguindo instruções específicas"
 (REUTERS/Alex Grimm/Files)

Chuck Blazer: acordo estabelece que Blazer "aceita participar de atividades de infiltração, seguindo instruções específicas" (REUTERS/Alex Grimm/Files)

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Da Redação

Publicado em 16 de junho de 2015 às 21h54.

Réu confesso no processo que investiga o mega-escândalo de corrupção da Fifa, Chuck Blazer começou a ser informante do FBI em dezembro de 2011, quando ainda era membro do comitê executivo da entidade que rege o futebol mundial, revelaram documentos da justiça americana.

Esta informação consta no termo de cooperação, documento de 19 páginas assinado no dia 25 de novembro de 2013, que foi publicado na noite de segunda-feira.

O acordo estabelece que o excêntrico milionário americano de 70 anos "aceita participar de atividades de infiltração, seguindo instruções específicas de agentes de polícia ou do procurador do Brooklyn".

Blazer ainda se comprometeu a "não revelar sua cooperação ou qualquer informação a respeito a terceiros, sem o consentimento prévio das autoridades".

O documento também revela que o cartola não pode "voltar a trás de nenhuma declaração feita por ele desde o dia 29 de dezembro de 2011", o que comprova que a cooperação começou naquele momento.

Papai Noel e Mestre Jedi

Blazer foi secretário geral da Concacaf (confederação das América do Norte e Central, e do Caribe) de 1990 a 2011 e membro do comitê executivo da Fifa de 1997 a abril de 2013.

Ou seja, durante 16 meses, Blazer foi informante do FBI enquanto exercia funções importantes na alta cúpula da entidade.

O barbudo com cara de Papai Noel, que costuma postar na internet fotos fantasiado de Mestre Jedi, é o principal delator do caso que desencadeou a maior crise da história da Fifa.

O escândalo levou até o presidente Joseph Blatter a renunciar ao cargo, apenas quatro dias depois de ser reeleito para o quarto mandato. Às vésperas da eleição, sete altos dirigentes foram presos na Suíça a pedido da justiça americana, entre eles o brasileiro José Maria Marin, ex-presidente da CBF.

No total, 14 pessoas foram indiciadas, em casos de corrupção que movimentaram cerca de 150 milhões de dólares nos últimos 25 anos.

Blazer, que ganhou o apelido de "Senhor 10%" pelas propinas que recebia na negociação de direitos de televisão de torneios, revelou casos de corrupção na atribuição das sedes das Copas do Mundo de 1998 e 2010.

O americano chegou até a gravar conversas que comprometem altos dirigentes da Fifa com um microfone escondido fornecido pelo FBI, durante os Jogos Olímpicos de Londres-2012.

Redução de pena

O termo de cooperação revela que, entre 2005 e 2010, o milionário, que na época tinha jatinho e várias mansões, sonegou mais de 11 milhões de dólares de impostos.

Ele concordou com a confiscação de 1,95 milhão de dólares, como "parte das propinas de comissões ocultas" que recebeu como dirigente de futebol.

Blazer também se comprometeu em entregar documentos e ser testemunha em processos, se for solicitado, "inclusive por juridições estrangeiras".

Em novembro de 2013, admitiu a culpa em dez acusações, entre elas extorsão, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e corrupção, que, somadas, podem render-lhe cem anos de prisão.

O termo de cooperação, porém, estabelece que a pena será reduzida desde que respeite o acordo, o que pode evitar que passe o resto da vida atrás das grades.

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