Enda Kenny: nos últimos anos, o premiê protagonizou enfrentamentos com o Vaticano pelos casos de pedofilia na Irlanda (John Thys/AFP)
Da Redação
Publicado em 11 de fevereiro de 2013 às 11h45.
Dublin - O primeiro-ministro irlandês, o conservador Enda Kenny, afirmou nesta segunda-feira que a decisão do papa Bento XVI de renunciar é uma amostra de um "profundo sentido do dever" em relação à Igreja Católica.
"Claramente, se trata de uma decisão que o Santo Padre tomou após meditar cuidadosamente e depois de muita oração e reflexão", afirmou Kenny, que nos últimos anos protagonizou enfrentamentos com o Vaticano pelos casos de pedofilia na Irlanda.
A renúncia do papa, indicou o dirigente democrata-cristão, demonstra o "sentido do dever".
Apesar de Kenny ter criticado duramente Bento XVI no passado pela maneira na qual o Vaticano respondeu ao problema dos abusos sexuais cometidos por sacerdotes na Irlanda, o primeiro-ministro afirmou que o papa foi um "líder forte".
As relações entre o Governo irlandês e o Vaticano se deterioram desde que Kenny lançou em julho de 2011, no Parlamento nacional (Dáil), um ataque sem precedentes contra as mais altas instâncias da Igreja Católica.
Então, o "Taoiseach" (primeiro-ministro) afirmou que o Vaticano encorajou os bispos irlandeses a não denunciarem os casos de padres pedófilos, ao mesmo tempo em que advertiu ao papa de que a religião "não dirige Irlanda", onde impera a lei civil.
Essas declarações foram feitas como resposta a um relatório sobre abusos cometidos por sacerdotes católicos na diocese de Cloyne, no condado sulista de Cork, no qual acusava seus responsáveis de criarem obstáculos para as investigações das denúncias e de proteger seus membros.
Meses depois, o Executivo irlandês anunciou o fechamento da embaixada na Santa Sé por motivos econômicos, decisão duramente criticada pela Igreja Católica do país.