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De Obama e Biden para Kamala: a passagem de bastão na Convenção Democrata

Em seu novo episódio, podcast 'O Caminho para a Casa Branca' analisa diretamente de Chicago os principais destaques do encontro dos democratas

A vice-presidente dos EUA e candidata democrata à presidência em 2024, Kamala Harris, chega ao palco no primeiro dia da Convenção Nacional Democrata (DNC) no United Center, em Chicago, Illinois, em 19 de agosto de 2024. (Saul Loeb/AFP)

A vice-presidente dos EUA e candidata democrata à presidência em 2024, Kamala Harris, chega ao palco no primeiro dia da Convenção Nacional Democrata (DNC) no United Center, em Chicago, Illinois, em 19 de agosto de 2024. (Saul Loeb/AFP)

Publicado em 21 de agosto de 2024 às 13h51.

Última atualização em 21 de agosto de 2024 às 15h05.

Chicago, Estados Unidos - Michelle e Barack Obama encerraram os discursos da segunda noite da Convenção Democrata, que acontece em Chicago, nesta terça-feira, 20, e entregaram à vice-presidente Kamala Harris, que concorrerá neste ano, a plataforma de mobilização que eles detêm. Na noite anterior, o presidente Joe Biden fez um longo discurso, em tom de despedida da política partidária, no qual garantiu a Kamala a máquina democrata. Em suma, o que se vê na convenção do partido é uma passagem de bastão para uma nova leva de políticos — simbolizados agora pela vice-presidente.

"Obama em seu discurso buscou criar e ressaltar contrastes entre Kamala Harris e Donald Trump com claro foco em se comunicar com os eleitores independentes", diz Mauricio Moura, professor da Universidade George Washington, sócio do fundo Zaftra, da Gauss Capital, e analista do podcast O caminho para a Casa Branca, uma coprodução da EXAME e da Gauss Capital.

Para Moura, o ex-presidente também buscou em diversos momentos apontar as dificuldades dessa eleição e a necessidade de ação e persistência. "Um discurso para energizar a base. Fez os dois", aponta.

Neste episódio do podcast, a equipe da EXAME analisa diretamente de Chicago os próximos passos da corrida eleitoral americana, além de trazer os bastidores e o clima do encontro democrata.

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Discurso de Biden

Segundo Moura, o discurso do Biden de segunda-feira foi "histórico".

"Desde 1968, a gente não tinha um presidente que, no exercício e com a possibilidade de reeleição, desistiu. E, coincidentemente, em 68 a convenção também foi em Chicago", diz.

Apesar do peso histórico, Biden fez um discurso que passou por muitos temas protocolares e listou as entregas de seu governo. "E só no final ele tentou colocar uma emoção, um tema mais emocional. Dificilmente a Kamala vai ganhar voto por causa desse discurso, mas ele tem o papel de fazer a transição, de fazer a passagem de bastão, e eu acho que nesse sentido ele cumpriu o seu papel", afirma Moura.

Outro discurso que, até aqui, chamou a atenção foi o da ex-secretária de Estado americana Hillary Clinton.

"O discurso da Hillary trouxe vários conceitos de movimentos feministas do partido Democrata. Obviamente, é um discurso para alimentar a própria base, não é um discurso que vai talvez vá além dos eleitores Democratas", aponta Moura. "Mas houve um ponto muito importante, que é fundamental numa eleição presidencial e principalmente o partido Democrata, especificamente: o partido está unido em torno de um candidato."

Para o analista, surpreende a capacidade de aglutinação de forças que Kamala Harris teve em um espaço tão curto de tempo.

"O fato de ex-presidentes, do Barack Obama e Bill Clinton [que discursa nesta quarta-feira, 21], da Hillary, mostrarem essa adesão rápida e consistente. Isso é bom. Eu não lembro de nenhuma eleição que os Democratas tenham ganho com o partido desconcertado", afirma.

Novas lideranças democratas

E nessa passagem de bastão, naturalmente surgem novas lideranças que despontam dentro da sigla. "O partido Democrata tem uma lista extensa de potenciais novos líderes do partido", diz Moura.

"Vimos prefeitos, e quero destacar o prefeito de Chicago, Brandon Johnson, e a prefeita de Los Angeles, Karen Bass. Ex-governadores que hoje estão na secretaria de Biden, como a ex-governadora de Rhode Island, Gina Raimondo. Vimos a governadora de Nova York, Kathy Hochul, falar. E encontramos pessoalmente a governadora do Michigan, Gretchen Whitmer, e vimos o governador da Pensilvânia, Josh Shapiro", diz, elencando alguns desses nomes.

A grande questão para a campanha de Kamala, aponta o analista, será mostrar a plataforma dela. Há dúvidas de se ela será muito próxima à gestão Biden. "Ou se ela vai se diferenciar. E se diferenciar, em que aspectos. Talvez esse seja o grande tema daqui para a frente", afirma Moura.

Cenário eleitoral na eleição dos EUA

Segundo Moura, o momento da campanha é de disputa entre Kamala e Trump. "As pesquisas estão mostrando, inclusive, em estados considerados críticos, o desempenho dos dois na margem de erro", afirma.

E alguns pontos chamam a atenção na campanha democrata. A primeira é o avanço de Kamala entre os eleitores mais jovens, entre 18 e 24 anos, grupo entre o qual ela avançou praticamente 10 pontos percentuais comparado às últimas pesquisas do Biden. "Depois do debate, ela avançou no segmento feminino também quase 9 pontos percentuais em média", diz Moura.

Ao mesmo tempo, Donald Trump continua liderando nas pesquisas a pergunta de quem você confia mais para gerir a economia. "Só que houve uma evolução dos dados de quem você confia mais para gerir a economia do Biden e da Harris", afirma o professor.

As últimas pesquisas divulgadas mostram leve vantagem de Kamala, em especial em estados pêndulo (swing states), que serão decisivos nesta eleição, como EXAME vem mostrando desde janeiro.

Mas, como lembraram até os próceres do partido democrata, há muito trabalho para fazer, e a eleição será definida por poucos votos.

Agora, o bastão está com Kamala para conquistá-los.

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