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Da inflação aos ídolos: entenda a Argentina em cinco pontos

Cidadãos argentinos comparecerão às urnas de votação neste domingo, para decidir o novo presidente do país

Argentina: país terá uma nova eleição presidencial nesta semana (Elijah-Lovkoff/Getty Images)

Argentina: país terá uma nova eleição presidencial nesta semana (Elijah-Lovkoff/Getty Images)

AFP
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Agência de notícias

Publicado em 17 de novembro de 2023 às 14h45.

A Argentina, a terceira maior economia da América Latina, elegerá um novo presidente no domingo, 19, em meio a uma crise econômica, com 40% de sua população na pobreza, uma inflação anual de três dígitos e incerteza política.

Veja, a seguir, cinco pontos que você precisa saber sobre a Argentina:

Inflação, dívida, déficit

Uma inflação de dois dígitos tem sido a norma na Argentina há mais de uma década, mas agora chegou a uma taxa anualizada de 143%, um recorde em mais de 30 anos. Em 1989 e 1990, o país sofreu hiperinflação, com taxas de 3.000% ao ano.

Em 2001, a Argentina viveu sua pior crise, com confisco de depósitos bancários e default da dívida pública de US$ 100 bilhões (R$ 231 bilhões, na cotação da época). A revolta social deixou 39 mortos e levou à renúncia do presidente e a uma sucessão de cinco governantes em uma semana.

A desconfiança da moeda nacional estabeleceu a cultura de se poupar em dólares.

A pobreza atingiu 40,1% no primeiro semestre de 2023. A taxa de desemprego é de 6,2%, praticamente a mesma de uma década atrás.

A dívida e o déficit fiscal têm sido doenças crônicas da Argentina. No período de 1961 a 2022, houve apenas seis anos com superávit fiscal, segundo o Instituto Argentino de Análise Fiscal. Desde 1958, o país assinou mais de 20 acordos de crédito com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o mais recente deles em 2018.

Ditadura

A Argentina sofreu uma ditadura sangrenta (1976-1983) que deixou cerca de 30 mil desaparecidos, segundo as organizações de direitos humanos. Centenas de bebês nascidos em cativeiro foram retirados de suas mães presas. Em sua busca, um grupo de mulheres criou as mundialmente conhecidas organizações Mães e Avós da Praça de Maio (Madres e Abuelas de la Plaza de Mayo).

Em 1985, a Argentina realizou um julgamento histórico das Juntas militares. Os sobreviventes relataram um plano sistemático para perseguir e assassinar opositores, muitos deles jogados no Rio da Prata nos chamados "voos da morte".

Esse julgamento, realizado em uma democracia frágil, foi levado ao cinema em "Argentina, 1985", que concorreu em 2023 ao Oscar de melhor filme estrangeiro.

Depois de anular as leis de anistia em 2005, a Justiça condenou mais de mil repressores em cerca de 330 julgamentos. Dezenas ainda estão sendo fundamentados.

Peronismo

A vida política argentina é atravessada pelo peronismo, partido fundado pelo três vezes presidente, general Juan Domingo Perón.

Em sua primeira presidência (1946-1951), Perón promoveu medidas que permitiram a entrada em massa de pessoas no mercado de consumo, embora com forte personalismo e viés autoritário. Sua esposa, Eva Duarte, mais conhecida como Evita, foi um apoio fundamental na defesa dos "descamisados", os mais pobres, com ações de ajuda social direta e de promoção do voto feminino. Evita morreu de câncer aos 33 anos e consolidou um mito levado ao cinema e ao teatro.

Outros peronistas que marcaram a vida argentina foram o duas vezes presidente Carlos Menem (1989-1999), um liberal, e o casal Néstor e Cristina Kirchner (centro-esquerda), que se sucederam no poder em três mandatos entre 2003 e 2015.

O bipartidarismo entre peronistas e radicais (social-democratas) dominou a política até 2015, quando a coalizão de centro-direita Juntos por el Cambio, liderada por Mauricio Macri, venceu as eleições.

País de Maradona, Messi, Francisco e Che

Com dois dos melhores jogadores de futebol de todos os tempos - Diego Maradona e Lionel Messi -, a Argentina ganhou três Copas do Mundo: as de 1978, 1986 e 2022.

O argentino com maior peso internacional é o papa Francisco, ex-arcebispo de Buenos Aires, entronizado em 2013. O revolucionário Ernesto "Che" Guevara também foi muito influente.

A Argentina tem cinco ganhadores do Prêmio Nobel. São dois da Paz, e três, de ciências (Fisiologia, Química e Medicina), formados na Universidade pública de Buenos Aires.

Jorge Luis Borges, Adolfo Bioy Casares, Silvina Ocampo, Julio Cortázar, Ernesto Sábato, Jua José Saer, Ricardo Piglia e César Aira são expoentes de sua literatura.

O tango é uma marca inconfundível de sua música. A pianista Martha Argerich, o maestro Daniel Barenboim, a artista plástica Marta Minujín e a dançarina Marianela Núñez brilham no mundo.

Riquezas naturais

Com 2,8 milhões de quilômetros quadrados, segundo país em tamanho na América Latina, atrás do Brasil, a Argentina tem inúmeras paisagens naturais, da Cordilheira dos Andes às Cataratas do Iguaçu, passando pelas geleiras da Patagônia.

Este país de 45 milhões de habitantes possui um dos maiores depósitos de hidrocarbonetos não convencionais do mundo, Vaca Muerta, além de uma enorme riqueza em lítio e potencial em energias renováveis.

Sua extensa costa marítima garante-lhe recursos pesqueiros. O fértil Pampa, na planície central, é um grande centro produtivo que coloca a Argentina entre os principais produtores de alimentos do mundo.

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