Kobani: Estado Islâmico hasteou sua bandeira em um edifício no lado leste de Kobani (Umit Bektas/Reuters)
Da Redação
Publicado em 6 de outubro de 2014 às 10h03.
Mursitpinar/Beirute - Combatentes curdos, que estão em desvantagem em termos de armamento, prometeram nesta segunda-feira não abandonar seus esforços para defender a cidade fronteiriça síria de Kobani contra militantes do Estado Islâmico que a cercam por três lados e os castigam com pesado fogo de artilharia.
O grupo radical islâmico, uma cisão da rede Al Qaeda tem lutado há mais de duas semanas para tomar a cidade, predominantemente curda, o que levou 180 mil pessoas a fugirem para o país vizinho, a Turquia.
Nesta segunda-feira o Estado Islâmico hasteou sua bandeira em um edifício no lado leste de Kobani, de acordo com imagens da televisão da Reuters e um oficial do Exército turco.
Uma bandeira preta aparentemente pertencente ao grupo é visível no topo de um prédio de quatro andares, perto da cena de alguns dos combates mais intensos nos últimos dias, como se podia ver em imagens de televisão feitas partir da vizinha Turquia.
Um oficial militar turco que não quis dar seu nome disse que a bandeira era a do Estado Islâmico, que se apoderou de amplas porções de território na Síria e no Iraque nos últimos meses.
Ataques aéreos realizados por aviões de guerra dos EUA e de países do Golfo fracassaram em parar o avanço dos rebeldes islâmicos, que chegaram aos arredores da cidade no fim de semana e estavam tentando garantir uma posição estratégia numa área elevada.
Apesar do combate intenso, que já incluiu chuvas de granadas de morteiro em áreas residenciais em Kobani e até levoum alguns projéteis a território turco, um repórter da Reuters viu cerca de 30 pessoas cruzarem a fronteira da Turquia para dentro da Síria, aparentemente para ajudar na defesa da cidade.
“A luta continua, eles também estão disparando projéteis de morteiros no coração da cidade. Nós temos armas leves apenas”, disse Esmat al-Sheikh, chefe da Autoridade de Defesa de Kobani, por telefone. “Se eles entrarem em Kobani, será um cemitério para eles. Nós não os deixaremos entrar enquanto vivermos. Nós ou vencemos ou morremos. Vamos resistir até o fim”, disse Sheikh. Ismail Eskin, um jornalista na cidade, disse que a moral ainda estava alta “porque as pessoas estão protegendo sua própria terra”. “Eles não vão permitir que (o Estado Islâmico) ocupe Kobani”, disse ele.
O Estado Islâmico quer tomar Kobani para consolidar um grande avanço pelo norte do Iraque e da Síria, criando um Estado absolutista islâmico, em uma ofensiva que abalou o Oriente Médio.
Decapitações, assassinatos em massa e tortura se espalharam pelas regiões tomadas, com vilas sendo esvaziadas com a aproximação de veículos carregando a bandeira do grupo rebelde. Uma combatente curda perto de Kobani se explodiu no dominga após ficar sem munição, preferindo se matar a ser capturada pelo Estado Islâmico, disseram um grupo de monitoramento e fontes locais.