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Curdos e estrangeiros coordenam batalha até Raqqa

Há 50 militares estrangeiros envolvidos na operação. Sua missão principal consiste em guiar da terra os aviões da coalizão que atingem o EI

Raqqa: dezenas de soldados estrangeiros ajudam diariamente os combatentes das Forças Democráticas Sírias (FDS), a aliança curdo-árabe que luta contra o EI (Reuters)

Raqqa: dezenas de soldados estrangeiros ajudam diariamente os combatentes das Forças Democráticas Sírias (FDS), a aliança curdo-árabe que luta contra o EI (Reuters)

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AFP

Publicado em 14 de novembro de 2016 às 15h30.

Sobre o telhado de um imóvel na província síria de Raqqa, um membro da coalizão internacional antiextremista liderada pelos Estados Unidos acompanha com seu binóculo os combates contra o grupo Estado Islâmico (EI), juntamente com um comandante curdo.

Dezenas de soldados estrangeiros ajudam diariamente os combatentes das Forças Democráticas Sírias (FDS), a aliança curdo-árabe que luta contra o EI desde o dia 5 de novembro, quando iniciou-se a ofensiva para reconquistar a cidade de Raqqa - capital dos extremistas na Síria.

Os jornalistas da AFP viram soldados com insígnias americanas, além de militares que falavam francês em zonas de combate.

Mas esses estrangeiros preferem permanecer na sombra. Alguns pedem, inclusive, que os fotógrafos da AFP não tirem fotos e se retirem do local.

Segundo fontes das FDS, há 50 militares estrangeiros envolvidos na operação. Sua missão principal consiste em guiar da terra os aviões da coalizão que atingem o EI.

A coalizão se negou a dar indicações sobre o número e a nacionalidade desses militares, ainda que tenha confirmado que desempenham um papel importante na batalha de Raqqa.

"Seguindo os compromissos da coalizão de aconselhar, assistir e acompanhar as FDS, nos pediram que ajudássemos no planejamento operacional, na coordenação dos bombardeios, na movimentação das tropas, na formação e no fornecimento de material para as FDS", indicou um porta-voz à AFP.

Guiar os aviões

Perto do povoado de Al-Hurriya, cerca de 40 quilômetros ao norte de Raqqa, os combatentes das FDS "calculam a distância que os separa dos mercenários [do EI] e localizam de onde procedem os disparos", explicam um comandante das FDS, Ahmad Othman.

"Logo nos mandam a localização e transmitimos às forças da coalizão para que os alvos sejam bombardeados", acrescenta, enquanto um conselheiro estrangeiro observa com seu binóculo os combates na localidade vizinha de Al-Hicha.

A coalizão internacional começou a bombardear o EI na Síria em setembro de 2014. Sua cooperação com as FDS incomoda a Turquia, que considera os milicianos curdos como "terroristas".

Segundo outro comandante das FDS, Akid Kobani, os bombardeios são um boa forma de atingir com precisão o inimigo, reduzindo as perdas entre os civis.

Na estrada até Al-Hurriya, a menos de dois quilômetros de Al-Hicha, uma bandeira branca balança sobre uma casa para avisar à aviação da presença de civis. Mais distante, pode-se ver casas completamente destruídas.

O EI entre os civis

Othman assegura que as FDS e a coalizão trabalham juntas para evitar as vítimas civis.

Na semana passada, o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH) anunciou a morte de 20 civis após bombardeios da coalizão em Al-Hicha, uma informação desmentida pela aliança curdo-árabe.

Para Kobani, "o maior perigo" é que o EI utilize civis como "escudos humanos".

Em um campo de deslocados perto de Ayn Issa, 50 quilômetros ao norte de Raqqa, Amcha, de 38 anos, explica que "os bombardeios apontam para o Daesh [acrônimo árabe do EI], mas o Daesh se esconde entre as crianças".

"Nossas crianças têm muito medo dos aviões. Tenho uma filha que grita 'aviões', 'aviões' quando os vê no céu e corre para se esconder", conta.

A jovem Ghada, de 20 anos, relembra seus problemas com os extremistas. O EI "escondia os carros-bomba no interior de nossas casas para que os aviões não pudessem vê-los".

"Nos diziam que não temiam a morte e, por isso, não se preocupavam que os civis morressem junto com eles".

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