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CUP, o partido que agita as ruas da Catalunha por independência

Diante da ameaça do governo central de intervir na autonomia da região, a Candidatura de Unidade Popular (CUP) recorreu à sua arma favorita: a mobilização

Catalunha: a legenda anticapitalista e separatista convocou protestos, a partir desta quinta-feira (Albert Gea/Reuters)

Catalunha: a legenda anticapitalista e separatista convocou protestos, a partir desta quinta-feira (Albert Gea/Reuters)

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AFP

Publicado em 19 de outubro de 2017 às 16h06.

Um pequeno partido de extrema-esquerda tem um papel-chave nas aspirações separatistas catalãs: a CUP, que reivindica a proclamação imediata da República da Catalunha e promove uma campanha de "desobediência em massa".

Diante da ameaça do governo central espanhol de intervir na autonomia da Catalunha, a Candidatura de Unidade Popular (CUP) recorreu à sua arma favorita: a mobilização nas ruas.

Essa legenda anticapitalista e separatista convocou protestos, a partir desta quinta-feira (19), diante das sedes do Poder Central na Catalunha com o lema "Paremos a repressão, liberdade para os presos políticos", em referência a dois dirigentes independentistas em prisão preventiva por motim.

Uma porta-voz do grupo jovem Arran, ligado à CUP, Mar Ampurdanès, também fez um apelo "pela desobediência pacífica em massa".

A CUP exigiu do presidente regional, Carles Puigdemont, que proclame a República catalã imediatamente, depois que este se limitou a "assumir a autoridade" para fazê-lo, diante do Parlamento regional.

Com seus dez deputados, esse partido nanico tem um peso enorme: é fundamental para que os separatistas mantenham sua maioria (72 de 135).

"Mediação e negociação com quem? Com um Estado espanhol que continua nos ameaçando e nos perseguindo?", questionou a porta-voz da CUP, Anna Gabriel, depois de Puigdemont ter pedido que a independência fosse suspensa a favor do diálogo.

Catalisador

Em dois anos, a mudança em seus militantes ficou patente.

Para as regionais de setembro de 2015, a CUP lançou o slogan "Vamos devagar, porque vamos longe". Em um bem-humorado spot de campanha, mostravam dezenas de cidadãos se unindo para empurrar uma caminhonete danificada que representava o processo separatista.

Tudo mudou, porém, quando obtiveram 336.000 votos (8,2%) e dez deputados. Desde então, ela pisou no acelerador.

Proclamar a República é "necessário", disse a CUP em uma carta a Puigdemont, invocando "o mandato" recebido de 2 milhões de pessoas que votaram "sim" pró-independência no referendo de 1º de outubro, marcado pela pressão policial e considerado inconstitucional pela Justiça espanhola.

Não importa que a consulta não tenha reconhecimento internacional, ou que uma metade dos 7,5 milhões de catalães não queira a independência. Para a CUP, apenas declarando a República se poderá negociar "de igual para igual" com o Governo central.

"Trata-se de que, constituindo-nos em República, nos tornemos uma questão internacional, em vez de um problema interno do Estado espanhol", disse à AFP o deputado da CUP Albert Botran, de 33 anos.

Romper com o Estado

Para o cientista político Joan Subirats, "a CUP tem claro que [...] quanta mais tensão gerar, mais problemas na economia vão surgir. Quanto mais preocupação gerar na Europa, mais pressão o governo espanhol terá para encontrar uma saída".

De qualquer modo, a legenda não pode ser ignorada pelos conservadores separatistas, apesar da distância ideológica entre eles.

No início de 2016, a CUP mostrou seu poder, ao conseguir a saída do presidente catalão, Artur Mas, um conservador criticado pelas políticas de austeridade e corrupção de seu partido.

Ele acabou substituído por Puigdemont, também conservador, mas um separatista de longa data.

Nascida nos anos 1980, a CUP era um movimento municipal, que ganhou projeção em meio à crise econômica e à corrupção que minou os partidos tradicionais.

Assim como o partido de esquerda radical Podemos, preconiza uma nova política social e é crítica da democracia espanhola, dirigida desde 2011 pelo conservador Mariano Rajoy.

Diferentemente do Podemos, vê na independência o motor da transformação.

"Não somos nacionalistas em absoluto", disse Anna Gabriel, mas "precisamos romper com esse Estado para mudar tudo".

Nos últimos meses, a CUP convocou manifestações na frente dos quartéis da Guarda Civil, aos gritos de "fora, forças de ocupação".

Muitas vezes incitados por militantes da CUP, os "Comitês de Defesa do Referendo" (CDR) estão prontos para tomarem as ruas da Catalunha sob o lema "Nem um passo atrás, agora, a República!".

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