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Cubanos em Miami dizem que concessões dos EUA são traição

Cubanos que vivem em Miami rejeitaram a "traição" do presidente americano de fazer concessões ao governo cubano

Ativistas protestam em Little Havana, Miami, contra retomada de relações diplomáticas entre EUA e Cuba (Javier Galeano/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 17 de dezembro de 2014 às 16h29.

Miami - Os cubanos em Miami , cidade americana onde vive a maior parte dos refugiados da ilha, rejeitaram nesta quarta-feira a "traição" do presidente Barack Obama de fazer concessões a Havana, após a libertação do funcionário terceirizado do governo americano Alan Gross.

"É uma traição", disse à AFP o cubano Evelio Montada, de 70 anos, na conhecida Calle Ocho de Little Havana, por muito tempo epicentro da vida cubana em Miami, na Flórida (sudeste dos EUA), onde várias pessoas se reuniam, sobretudo, idosos, para conversar sobre o acontecimento histórico do dia.

Nesta quarta-feira, o governo americano iniciou uma histórica aproximação com Cuba, ao anunciar a normalização das relações diplomáticas plenas e o alívio de diversas sanções vigentes há meio século.

O anúncio foi feito depois da libertação de Gross, que ficou cinco anos detido na ilha e era o principal obstáculo para uma aproximação após a chegada de Obama ao poder, em 2009. O americano foi solto em troca de três agentes cubanos que cumpriam penas em presídios de Miami. Os agentes eram acusados de espionar grupos anticastristas.

Diversos grupos do exílio comemoraram que Gross fosse enviado para os Estados Unidos, mas rejeitaram que tivesse sido trocado pelos espiões.

"A decisão do governo do presidente Barack Obama de soltar três espiões terroristas da ditadura castrista, em troca de pôr fim ao injusto sequestro do cidadão americano Alan Gross, é um grave erro", disse o secretário-geral do Diretório Democrático Cubano, Orlando Gutiérrez-Boronat, em um comunicado.

Rosa María Payá, filha do dissidente Oswaldo Payá falecido em julho de 2012 em um acidente de carro em Cuba, disse à AFP que Gross era um "refém", não um preso comum.

"Não acho que seja o tratamento que se dê ao sequestrador", afirmou Rosa, referindo-se às concessões de Washington a Havana.

Indignação contra Obama

"Sabia que isso ia acontecer. Há tempos que ele (Obama) vem com essa confusão", disse à AFP Osvaldo Hernández, de 50 anos, da organização anticastrista Vigilia Mambisa, no Café Versailles da Calle Ocho, símbolo do exílio cubano.

Osvaldo chegava ao local para protestar contra a abertura de relações com Havana.

"O embargo nunca vai ser suspenso, porque tem de ser decidido pelo Congresso americano, mas Obama é um covarde por anunciar essa aproximação", afirmou Hernández, com um cartaz denunciando a "traição" de Washington.

"É uma falta de respeito. (Obama) é mais fidelista e comunista do que outros", disse Félix Tirse, indignado, que chegou de Cuba aos EUA há 53 anos.

Para outros cubanos, que saíram de Cuba e já vivem há muitas décadas nos Estados Unidos, a notícia não causou maiores reações.

"Cuba não me interessa. Isso não me afeta", minimizou Pedro Alvarez, de 79 anos, 52 deles vividos nos Estados Unidos.

Alvarez conversou com a AFP no Domino Park, na Calle Ocho, onde cubanos e outros latino-americanos costumam se reunir e passam o dia jogando.

"Que as relações vão melhorar? Eu duvido, depois de mais de meio século de disputas", acrescentou o aposentado.

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Miami - Os cubanos em Miami , cidade americana onde vive a maior parte dos refugiados da ilha, rejeitaram nesta quarta-feira a "traição" do presidente Barack Obama de fazer concessões a Havana, após a libertação do funcionário terceirizado do governo americano Alan Gross.

"É uma traição", disse à AFP o cubano Evelio Montada, de 70 anos, na conhecida Calle Ocho de Little Havana, por muito tempo epicentro da vida cubana em Miami, na Flórida (sudeste dos EUA), onde várias pessoas se reuniam, sobretudo, idosos, para conversar sobre o acontecimento histórico do dia.

Nesta quarta-feira, o governo americano iniciou uma histórica aproximação com Cuba, ao anunciar a normalização das relações diplomáticas plenas e o alívio de diversas sanções vigentes há meio século.

O anúncio foi feito depois da libertação de Gross, que ficou cinco anos detido na ilha e era o principal obstáculo para uma aproximação após a chegada de Obama ao poder, em 2009. O americano foi solto em troca de três agentes cubanos que cumpriam penas em presídios de Miami. Os agentes eram acusados de espionar grupos anticastristas.

Diversos grupos do exílio comemoraram que Gross fosse enviado para os Estados Unidos, mas rejeitaram que tivesse sido trocado pelos espiões.

"A decisão do governo do presidente Barack Obama de soltar três espiões terroristas da ditadura castrista, em troca de pôr fim ao injusto sequestro do cidadão americano Alan Gross, é um grave erro", disse o secretário-geral do Diretório Democrático Cubano, Orlando Gutiérrez-Boronat, em um comunicado.

Rosa María Payá, filha do dissidente Oswaldo Payá falecido em julho de 2012 em um acidente de carro em Cuba, disse à AFP que Gross era um "refém", não um preso comum.

"Não acho que seja o tratamento que se dê ao sequestrador", afirmou Rosa, referindo-se às concessões de Washington a Havana.

Indignação contra Obama

"Sabia que isso ia acontecer. Há tempos que ele (Obama) vem com essa confusão", disse à AFP Osvaldo Hernández, de 50 anos, da organização anticastrista Vigilia Mambisa, no Café Versailles da Calle Ocho, símbolo do exílio cubano.

Osvaldo chegava ao local para protestar contra a abertura de relações com Havana.

"O embargo nunca vai ser suspenso, porque tem de ser decidido pelo Congresso americano, mas Obama é um covarde por anunciar essa aproximação", afirmou Hernández, com um cartaz denunciando a "traição" de Washington.

"É uma falta de respeito. (Obama) é mais fidelista e comunista do que outros", disse Félix Tirse, indignado, que chegou de Cuba aos EUA há 53 anos.

Para outros cubanos, que saíram de Cuba e já vivem há muitas décadas nos Estados Unidos, a notícia não causou maiores reações.

"Cuba não me interessa. Isso não me afeta", minimizou Pedro Alvarez, de 79 anos, 52 deles vividos nos Estados Unidos.

Alvarez conversou com a AFP no Domino Park, na Calle Ocho, onde cubanos e outros latino-americanos costumam se reunir e passam o dia jogando.

"Que as relações vão melhorar? Eu duvido, depois de mais de meio século de disputas", acrescentou o aposentado.

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