Cuba pretende diminuir papel do estado na economia
Governo pretende reduzir seu papel nas pequenas empresas, mas vai continuar a dirigir uma economia centralizada, que isola o mercado e as propriedades privadas
Da Redação
Publicado em 24 de março de 2011 às 10h12.
Havana - O governo cubano pretende reduzir seu papel nas pequenas empresas, mas vai continuar a dirigir uma economia centralizada, que isola o mercado e as propriedades privadas, disse uma autoridade cubana no domingo.
O ministro da economia, Marino Murillo disse que a ilha comunista está "atualizando", mas não está reformando sua frágil economia e não pretende copiar o mercado socialista da China ou do Vietnã.
"Achamos que hoje em dia, o estado tem um grupo de atividades das quais precisa se desfazer. O estado não tem que ser responsável por tudo," ele disse durante um discurso para a Assembléia Nacional.
"O estado tem que ser responsável pela economia, das coisas mais importantes," disse Murillo em seu discurso.
Ele deu como exemplo as pequenas barbearias, onde há diversos meses os barbeiros tiveram permissão para alugar suas cadeiras e cobrar seus próprios preços, em vez de ter o governo administrando o seu negócio.
Esse tipo de mudança "deve ser aplicada a outros serviços", Murillo disse durante o seu encontro de meio do ano habitual.
Cuba tem vivido uma crise econômica nos últimos dois anos que tem forçado o corte de impostos, o congelamento das contas de empresas estrangeiras em bancos cubanos e a adiar o pagamento das suas contas.
Antes do discurso, Murillo disse aos repórteres que o governo cubano está procurando meios de modernizar a economia da ilha, mas que "não se pode falar em reforma."
"É uma atualização do modelo econômico em que as categorias econômicas do socialismo, e não o mercado, serão priorizados," ele disse.
"Isso alivia um grupo de coisas do modelo econômico, mas nós não vamos entregar a propriedade," disse Murillo.
O governo, que controla 90 por cento da economia, é dono da maioria das coisas na ilha caribenha.
Expectativas de mudanças
Quando Raul Castor substituiu o irmão mais velho, Fidel Castro, na presidência, em 2008, esperava-se mudanças em uma das últimas economias comunistas do mundo.
Muitos pensaram que Raul Castro fosse um comunista menos visionário que seu irmão e que fosse caminhar para abrir a economia, como fizeram a China e o Vietnã.
Muitos cubanos disseram que estão ansiosos por mudanças que lhes permitirão ganhar mais dinheiro.
Eles recebem benefícios sociais, como assistência médica gratuita e rações de alimentos subsidiados, mas o salário médio mensal é equivalente a 18 dólares.
Raul Castro, de 79 anos, modificou o sistema em coisas como a permissão para que barbeiros e motoristas de táxi funcionem mais como pequenas empresas, mas tem evitado mudanças mais significativas, até agora.
Quando os repórteres perguntaram sobre a possibilidade de mudanças no estilo das que ocorreram na China e no Vietnã, Murillo disse: "Acho que o modelo cubano é bem cubano. Não podemos copiar o que muitas pessoas no mundo fazem."
"Não podemos esquecer que o país mais poderoso do mundo é nosso inimigo," ele disse, referindo-se aos EUA.
Os EUA e Cuba têm um relacionamento hostil desde a revolução cubana de 1959, que colocou Fidel Castro no poder e transformou a ilha em um estado comunista.
Os EUA mantêm um embargo comercial contra Cuba há 48 anos e o governo cubano culpa esse embargo por muitos de seus problemas econômicos.
Raul Castro deve falar ao longo do dia na sessão da Assembléia.
Fidel Castro, de 83 anos é membro da Assembléia, mas não participou da sessão de domingo. Sua cadeira, que fica ao lado do irmão, está vazia desde que ele adoeceu, em julho de 2006.