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Cristina Kirchner aposta em aliança com Brasil para próximo mandato

Atual presidente mantém o favoritismo para as eleições e já traça objetivos para próximos anos

Cristina Kirchner  e Dilma: relação com Brasil é prioridade na Argentina (Juan Mabromata/AFP)

Cristina Kirchner e Dilma: relação com Brasil é prioridade na Argentina (Juan Mabromata/AFP)

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Da Redação

Publicado em 21 de outubro de 2011 às 19h46.

Buenos Aires - A reeleição de Cristina Fernández de Kirchner para presidente da Argentina, dada como certa por todas as pesquisas, consolidará a aposta do país em sua aliança com o Brasil e seu papel na União das Nações Sul-Americanas (Unasul), segundo analistas e fontes governamentais.

A política de integração regional conta com bastante apoio na Argentina. A oposição centra suas críticas nas estreitas relações do governo com a Venezuela e a Bolívia, devido aos laços de amizade desses países com o Irã, acusado de ser cúmplice nos atentados contra instituições judaicas em Buenos Aires nos anos 90.

A presidente também é apontada como culpada pelos conflitos com os Estados Unidos que levaram à Casa Branca a esfriar as relações com o país, segundo comentários de membros da Câmara de Comércio Argentino-Americano reunidos em Washington.

Os analistas políticos, no entanto, consideram que a política externa da governante é bastante pragmática e que não causaria grandes danos às relações com a Casa Branca ou outras grandes potências.

Para o governo Kirchner, a relação com o Brasil é decisiva para assegurar o desenvolvimento econômico e sobretudo evitar os efeitos da crise dos EUA e da Europa, como afirmou o vice-ministro de Economia, Roberto Feletti.

A Unasul iniciou um mecanismo de consultas com objetivo de blindar à região da recessão, com base na experiência de pactos vigentes entre Argentina e Brasil.

Os dois países têm um sistema de comércio bilateral em moeda local que beneficia às pequenas e médias empresas, assim como um pacto de ajuda mútua caso suas reservas monetárias corram risco devido a ataques especulativos ou problemas financeiros.

'Os laços com a Venezuela de Hugo Chávez ou a Bolívia de Evo Morales se basearam mais em razões econômicas do que políticas', disse à agência Efe o analista Jorge Arias, da empresa de consultoria Polilat, em referência ao auxílio energético que esses países deram à Argentina nos últimos anos.

Arias sustentou que o governo de Cristina não manterá sua amizade com Venezuela, Bolívia e Irã, como fez até agora, devido ao 'fator político interno', já que a Argentina tem a segunda maior comunidade judaica da continente.

'Nos últimos anos, a Argentina seguiu uma política externa pragmática, com aproximações e distanciamentos conjunturais que não são o melhor para um país, mas também não provocam danos permanentes', opinou Arias.

Os empresários argentinos são dependentes da situação do Brasil, já que um menor crescimento econômico desse país ou um forte valorização do real frente ao dólar pode afetar à indústria local e aguçar conflitos comerciais.

'O Brasil importa da Argentina cerca de US$ 20 bilhões ao ano e hoje ninguém pode ter aspirações políticas se não praticar uma integração sul-americana e uma relação próxima com esse país', disse o vice-ministro ao responder sobre a estratégia para os próximos anos.

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