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Crise aumenta e oposição paralisa a capital da Armênia

Dezenas de milhares de armênios protestam na capital, o transporte ferroviário está prejudicado e a estrada que leva ao aeroporto está bloqueada

Armênia: há três semanas a Armênia enfrenta uma onda de protestos contra o governo (Gleb Garanich/Reuters)

Armênia: há três semanas a Armênia enfrenta uma onda de protestos contra o governo (Gleb Garanich/Reuters)

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AFP

Publicado em 2 de maio de 2018 às 09h41.

Dezenas de milhares de armênios saíram às ruas de Yerevan nesta quarta-feira, bloqueando avenidas e edifícios públicos, em protesto contra a recusa do Parlamento de aceitar o líder opositor Nikol Pashinian como candidato a primeiro-ministro.

Os manifestantes se reuniram no centro de Yerevan em resposta à convocação de "desobediência civil" de Pashinian, de 42 anos, que lidera um movimento de protesto no país desde 13 de abril.

Em uma demonstração de força, os manifestantes paralisaram a capital da Armênia, onde quase todas as ruas estavam bloqueadas ao trânsito e muitas lojas fechadas. O transporte ferroviário estava prejudicado e a estrada que leva ao aeroporto bloqueada.

A Armênia está há três semanas em uma crise política sem precedentes: um movimento de protesto provocou no dia 23 de abril a renúncia de Serzh Sarkisian, que havia sido eleito primeiro-ministro seis dias antes pelos deputados.

Sarkisian foi presidente do país por 10 anos.

Nesta quarta-feira, a multidão nas ruas exibe bandeiras armênias, faz barulho com cornetas e grita "Armênia livre e independente!".

"Queridos, o metrô e as ferrovias foram paralisados", afirmou Pashinian a seus seguidores, antes de informar que várias universidades e escolas se uniram ao protesto.

Pouco depois, no entanto, Pashinián pediu a seus partidários que liberassem a estrada para o aeroporto.

A polícia não atuou até o momento para tentar acabar com os protestos.

"Vários cenários estão sendo discutidos. Cada cenário resulta na vitória do povo", disse Pashinian.

"O povo não vai desistir, os protestos não diminuirão", afirmou à AFP Serguei Konsulian, um empresário de 45 anos.

Gayane Amiragian, estudante de 19 anos, concordou: "Nós vamos vencer porque estamos unidos, todo o povo armênio está unido".

O Parlamento não conseguiu se reunir nesta quarta-feira por falta de quorum, após a recusa do Partido da Prosperidade a participar na sessão.

"O país se encontra em uma situação de emergência. Nossa bancada inicia um boicote político", afirmou um de seus deputados, Vahe Enfiagian.

Nova votação na terça-feira

O Parlamento anunciou nesta quarta-feira que organizará uma nova votação em 8 de maio, uma semana depois da primeira. Caso fracesse novamente em definir o chefe de Governo, a Câmara deverá ser dissolvida para a convocação de legislativas antecipadas.

Os deputados, reunidos na terça-feira em sessão extraordinária para definir um novo primeiro-ministro, rejeitou a candidatura do opositor Pashinian, embora ele fosse o único nome na disputa.

O Partido Republicano, que governa o país e tem maioria no Parlamento, votou contra o nome de Pashinian. Dos 100 deputados que participaram na sessão, 55 rejeitaram o opositor e 45 votaram a favor do líder dos protestos.

"Senhor Pashinian, não o vejo no cargo de primeiro-ministro", afirmou Eduard Sharmazanov, porta-voz do Partido Republicano e vice-presidente do Parlamento.

Antes da votação de terça-feira, vários deputados do partido no poder criticaram o que consideram falta de coerência do programa político de Pashinian.

"Não se pode ser um pouco socialista e um pouco liberal", declarou Sharmazanov.

Herói

Quando anunciou sua candidatura ao cargo de chefe de Governo, Pashinian multiplicou as demonstrações de força e reuniu, quase diariamente, seus partidários na Praça da República.

Muitos armênios recordam as mortes de 10 manifestantes em 2008 em confrontos entre seus partidários e a polícia, quando Serzh Sarkisian acabara de obter o primeiro mandato presidencial.

Pashinian passou à clandestinidade durante meses, antes de se entregar às autoridades. Ele foi detido, mas em 2011 ganhou a liberdade graças a uma anistia.

A liderança no protestos recentes o transformou em "herói" para muitos armênios, segundo o analista independente Ervand Bozoyan.

"Desde os anos 1990, as pessoas esperam mais mudanças no país. Agora veem que é possível. Estão surpresas", afirma.

Os partidários de Pashinian afirmam que Serzh Sarkisian, presidente da Armênia de 2008 a 2018, e o Partido Republicano não reduziram a pobreza e a corrupção no país, ao mesmo tempo que deixaram os oligarcas no controle da economia da ex-república soviética do Cáucaso, que tem 2,9 milhões de habitantes.

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