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Crescer primeiro, pagar depois: Fernández assume hoje a Argentina

País deve cerca de US$ 100 bilhões de dólares a credores internacionais, mas novo presidente declarou que nada será pago até que economia volte a crescer

Fernández: a posse terá a presença do vice brasileiro, Hamilton Mourão (Luis Cortes/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 10 de dezembro de 2019 às 05h43.

Última atualização em 10 de dezembro de 2019 às 07h38.

São Paulo — Quatro anos após terem sido derrotados pela direita liberal, os peronistas estão de volta na Argentina. Nesta segunda-feira 10, o ex-chefe de gabinete da era Kirchner, Alberto Fernández, assume a presidência do país no lugar de Mauricio Macri. Prometendo priorizar o combate à pobreza e ao desemprego, Fernández será empossado sem garantias de que pagará a dívida pública.

O novo governoterá pela frente o desafio de negociar a reestruturação da dívida de cerca de 100 bilhões de dólares com credores internacionais, principalmente com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que ano passado desembolsou um empréstimo de 57 bilhões de dólares ao país.

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O novo presidente, no entanto, já declarou que nada será pago até que a economia enferma volte a crescer: “Vamos pagar no dia em que crescermos. É assim que vai ser desta vez. Não vou me deixar convencer com nenhum canto da sereia, porque os cantos da sereia nos deixaram no fundo do mar”, afirmou o peronista.

Para domar o maior desafio do novo governo, Fernández nomeou Martín Guzmán, de 37 anos, como ministro da Economia. Colaborador em Nova York do Prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz, Guzmán é especialista em dívidas soberanas e defende adiar por dois anos o pagamento dos juros da dívida argentina por meio de acordos com os credores.

“É alguém a quem consultei muito nos últimos tempos sobre os problemas que a Argentina tem em matéria de dívida. É uma grande alegria que Martín tenha aceitado o desafio de deixar Nova York e voltar a Buenos Aires para assumir o Ministério da Economia”, afirmou Fernández.

O Peronista ainda escolheu o economista Miguel Ángel Pesce, de 57 anos, como novo comandante do Banco Central da Argentina. Pesce indicou que procurará desviar a política monetária da postura mais ortodoxa que a autoridade monetária seguiu sob o governo conservador de Macri.

Na mesma conferência em que falou em adiar o pagamento da dívida, Fernández afirmou que não vai deixar a Argentina “de portas fechadas”, entretanto não importará “camisas da China” ou “sapatos do Brasil” para que os produtores do país sigam quebrando.

Ontem, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro surpreendeu ao enviar seu vice, Hamilton Mourão, para a posse do par argentino. Antes, Bolsonaro, que apoiou Macri nas eleições, havia declarado que não iria à cerimônia, e nenhuma outra autoridade de peso havia sido convocada. O gesto foi recebido como um diálogo aberto com o governo de centro-esquerda.

Para além da dívida, a Argentina tem 50% de inflação e  40% da população pobre. Fernández diz que primeiro focará nessas pessoas para depois tratar do déficit público. A dúvida é se o novo governo conseguirá tirar a Argentina e os argentinos do atoleiro para negociar com o FMI.

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