Donetsk -Kiev e as potências ocidentais manifestaram nesta sexta-feira seus temores quanto a uma possível intervenção militar russa sob o pretexto de uma missão humanitária no leste da Ucrânia , onde Donetsk, em poder dos separatistas, sofre intensos bombardeios.
Durante uma reunião de emergência na ONU sobre a Ucrânia, o representante ucraniano Olexandre Pavlitshenko disse ter "razões que levam a crer em uma intervenção russa sob pretexto de uma missão de manutenção de paz".
Ele citou o aumento da presença militar russa na fronteira, que passou de 12.000 para 20.000 homens em três semanas, o sobrevoo de aviões não-tripulados russos e disparos contra as tropas ucranianas a partir da Rússia .
Quinze integrantes das forças ucranianas foram mortos em combates no leste do país nas últimas 24 horas, principalmente perto da fronteira com a Rússia. As vítimas são sete soldados e oito guardas de fronteira de uma brigada que precisou bater em retirada após três dias de combates.
Neste contexto, a embaixadora americana nas Nações Unidas, Samantha Power, acusou a Rússia de querer aproveitar a grave situação humanitária no leste da Ucrânia para intervir ainda mais nesta região.
O agravamento das condições de vida dos civis em torno de Donetsk e Lugansk "deve ser abordado, mas não pelos que criaram esta situação", afirmou, atribuindo a responsabilidade a Moscou.
"Falar de manutenção de paz na Ucrânia pelos russos é uma contradição em si mesmo", denunciou.
A Rússia propôs uma missão humanitária ou a criação de corredores humanitários para ajudar a população do leste da Ucrânia.
Nas frentes de batalha, os combates ganharam intensidade nesta sexta-feira em Donetsk e jornalistas da AFP ouviram fortes explosões.
O Exército ucraniano bombardeou pela primeira vez na quinta-feira o centro da cidade, a principal nas mãos dos separatistas, onde um morteiro atingiu um hospital, deixando um morto e dois feridos.
Enquanto isso, Kiev perdeu duas aeronaves. Um helicóptero teve que fazer um pouso de emergência após ser alvejado por rebeldes, e um caça foi abatido na periferia da cidade de Zhdanivka, perto do local onde o avião da Malaysia Airlines caiu após ser atingido por um míssil em 17 de julho.
Guerra comercial
Enquanto o Exército ucraniano procura libertar as cidades controladas pelos insurgentes pró-russos, Kiev anunciou nesta sexta-feira novas sanções contra a Rússia. Os russos optaram na quinta-feira por responder às sanções impostas pelos Estados Unidos e pela União Europeia após o incidente com o avião da Malaysia Airlines.
O primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk, anunciou sanções de seu país contra 172 pessoas e 65 empresas, principalmente russas, acusando-as de terem apoiado a anexação da Crimeia ou de terem financiado a rebelião pró-russa no leste da Ucrânia.
Yatseniuk não revelou a lista das pessoas e empresas punidas. Ela deverá ser aprovada pelo Conselho de Segurança e Defesa e adotada pelo Parlamento na terça-feira. Entre as possíveis sanções, estão a proibição de entrar no país e o congelamento de ativos.
O presidente também mencionou a possibilidade de proibição da entrada de recursos naturais, no momento em que cerca da metade do gás consumido na União Europeia passa por território russo.
Além disso, a Austrália anunciou nesta sexta o reforço em breve de suas sanções contra Moscou.
"Sejamos claros, a Rússia é o perseguidor (...) um grande país que tenta perseguir um pequeno país", declarou o premiê australiano, Tony Abbott.
Na quinta-feira, a Rússia havia proibido durante um ano a importação de produtos agroalimentares europeus e americanos em resposta às sanções decretadas por Estados Unidos e UE contra Moscou, a quem consideram responsável pela crise na Ucrânia.
Rússia "à beira do abismo"
Em visita a Kiev, o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, disse na quinta-feira que está disposto a reforçar sua ajuda à Ucrânia diante da agressão da Rússia. Para ele, o apoio aos separatistas ganhou "em intensidade e sofisticação".
"Faço um apelo à Rússia para que se retire da beira do abismo, para que se retire da fronteira. Não utilizem a manutenção da paz como um pretexto para a guerra", declarou Rasmussen em uma coletiva de imprensa.
A Otan alertou nos últimos dias para a crescente presença militar da Rússia na fronteira com a Ucrânia. A Aliança Atlântica teme que Moscou intervenha sob pretexto de uma ação humanitária e pede medidas urgentes para ajudar a população civil no leste.
- 1. Velas e armas
1 /13(Graham Denholm / Getty Images)
São Paulo – Na quinta-feira, o voo MH17 da Malaysian Airlines, que ia de Amsterdã para Kuala Lumpur, foi derrubado enquanto sobrevoava o céu do leste da Ucrânia. Desde então, o governo central ucraniano e a Rússia trocam acusações sobre quem foi responsável pelo míssil que atingiu o avião. Veja, a seguir, as fotos do desenrolar do conflito desde a queda do avião até este domingo.
- 2. Pelo chão
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As bagagens e pertences pessoais das vítimas que estavam a bordo do Malaysia Airlines voo MH17 estão espalhadas por Grabovo, na Ucrânia. Segundo relatos de correspondentes internacionais, os destroços do avião estão espalhados a até 15 km do ponto central onde está a maior parte da fuselagem.
- 3. Memória saqueada
3 /13(Maxim Zmeyev/Reuters)
Dinheiro, joias, objetos pessoais e até cartões de créditos das 298 vítimas do voo MH17 da Malaysia Airlines, abatido por um míssil na Ucrânia, na sexta-feira, estão sendo saqueados. Militantes separatistas admitem que removeram objetos, além das caixas-pretas, do local do acidente.
- 4. Sem destino
4 /13(Brendan Hoffman / Getty Images)
Hoje, um vagão de trem refrigerado com parte dos corpos dos passageiros de Malaysia Airlines vôo MH17 aguarda na estação de trem para o transporte ruma a um destino ainda desconhecido. O vôo MH17 da Malaysia Airlines viajava de Amsterdã para Kuala Lumpur quando caiu matando todos os 298 a bordo, incluindo 80 crianças.
- 5. Caixa-preta
5 /13(Getty Images)
O governo da Ucrânia disse neste domingo que interceptou conversas telefônicas entre os rebeldes pró-russos e os militares russos. Os
rebeldes admitiram hoje podem estar com a caixa-preta e prometeram entregar caixas pretas do voo malaio à Organização da Aviação Civil Internacional.
- 6. Represália Europeia
6 /13(Maxim Zmeyev/Reuters)
De
acordo com o WSJ, os líderes europeus ameaçaram impor sanções mais duras contra a Rússia, em decorrência da queda do voo MH17, sem deixar ainda claro o que pode acontecer em represália. Os chanceleres da União Europeia se reunirão em Bruxelas nesta terça-feira para decidir o que fazer, mas há uma grande chance que ativos na Europa construídos por empresários russos, bem como as de empresas originárias do país, possam ser congelados.
- 7. Maioria holandesa
7 /13(Graham Denholm / Getty Images)
A maioria das 298 pessoas a bordo do voo MH 17 era de nacionalidade holandesa. Entre as vítimas havia 154 passageiros holandeses, 27 australianos, 23 malaios, onze indonésios, seis britânicos, quatro alemães, quatro belgas, três filipinos e um canadense no voo. "As famílias querem enterrar seus parentes", declarou ministro do Exterior holandês, Frans Timmermans. Um grupo de 15 especialistas holandeses foi enviado ao local da tragédia para identificar os corpos.
- 8. Domingo de homenagem
8 /13(Christopher Furlong / Getty Images)
Velas em memória das vítimas foram acesas durante uma missa especial na Igreja de Saint Vitus em Hilversum, Holanda, nesta manhã. Três famílias da cidade morreram no acidente. Por todo o país o domingo foi marcado por homenagens às vitimas da tragédia, lembradas em cultos, eventos esportivos e oficiais e no aeroporto Schiphol de Amsterdã, de onde o avião partiu na última quinta-feira.
- 9. Em busca da cura
9 /13(Graham Denholm / Getty Images)
Um participante da 20ª Conferência Internacional de AIDS que acontece hoje em Melbourne, Austrália, amarra uma fita vermelha em homenagem daqueles que perderam suas vidas no voo MH17. Pelo menos seis enviados estavam no avião rumo ao encontro dos maiores especialistas em busca da cura para a doença.
- 10. EUA diz que sabe
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Os
Estados Unidos detectaram o lançamento de um míssil antiaéreo e observou sua trajetória na quinta-feira passada, quando o avião da Malaysia Airlines caiu, supostamente atingido, no leste da Ucrânia, afirmou neste domingo o secretário de Estado, John Kerry. O presidente Barack Obama já hava dito que tudo apontava para que o avião tivesse atingido por rebeldes pró-russos. 'Sabemos, com certeza, que durante o último mês houve um fluxo de armamento, um comboio de uns 150 veículos incluídos transporte de pessoal, lança mísseis, artilharia, da Rússia para o leste da Ucrânia', disse ele.
- 11. Artigo editado
11 /13(Getty Images)
O imbróglio da Ucrânia e Russia chegou à web. Primeiro, um computador de Kiev, capital da Ucrânia,
editou o artigo em russo para "acidentes de aviação comercial" colocando a culpa da queda em "terroristas da auto-proclamada República Popular de Donetsk com mísseis de sistema Buk, que os terroristas receberam da Federação Russa". Menos de uma hora depois, alguém com um endereço de IP russo mudou o texto para "o avião foi abatido por soldados ucranianos".
- 12. Duas tragédias no ano
12 /13(Maxim Zmeyev/Reuters)
Depois de ter um avião desaparecido nos ares em março, nesta quinta-feira, o Boeing 777 da companhia Malaysia Airlines com 295 passageiros a bordo caiu na região de Donetsk, no leste da Ucrânia, sem deixar sobreviventes. A
companhia já apresentava uma operação deficitária antes disso, suportada por verbas governamentais e que degringolava cada vez mais pela imagem afetada com a tragédia. Agora deve ter de enfrentar processos movidos por pessoas de vários países.
- 13. Agora, veja quais são os exércitos mais poderosos
13 /13(Bradley Rhen / US Army / Wikimedia Commons)