Reator 3 da usina nuclear de Fukushima: risco de explosão (Jean-Paul Barbier)
Da Redação
Publicado em 13 de março de 2011 às 16h56.
Tóquio - O alarme gerado pela situação em uma usina nuclear de Fukushima aumentou neste domingo após o nível de radiatividade subir para acima do nível permitido, entre intensos esforços de especialistas para reduzir o superaquecimento de vários reatores.
Durante o dia todo pairou sobre o Japão o temor de uma fusão do núcleo em algum dos reatores da central número um de Fukushima (Daiichi), onde o sistema de refrigeração paralisou na sexta-feira por causa do terremoto que fez tremer o nordeste do país.
A situação nessa usina, situada a cerca de 270 quilômetros de Tóquio, não está clara. O Governo japonês disse que os esforços se centram em diminuir a temperatura de dois dos seis reatores de água em ebulição da central, o 1 e 3, que estão operando desde 1971 e 1976, respectivamente.
O porta-voz do governo, Yukio Edano, advertiu para a possibilidade de uma explosão no recipiente secundário de contenção do reator 3 - similar à ocorrida no 1 - por causa da acumulação de hidrogênio, embora tenha ressaltado que não ocasionaria danos graves.
Os responsáveis da central estão injetando água do mar nesse reator para tentar abaixar a temperatura e evitar um desastre, embora Yukio tenha admitido problemas com uma válvula e afirmado que os especialistas estão "analisando os detalhes".
Sobre a possibilidade do temido processo de fusão de seu núcleo - que poderia liberar uma grande quantidade de radiação -, o porta-voz disse que não há "nenhum dado" que confirme o incidente.
No entanto, ele alertou para uma possível "deformação" do núcleo, sem oferecer detalhes sobre suas consequências.
A polêmica em torno da usina de Fukushima gerou uma grande inquietação, enquanto em alguns meios se especulava a possibilidade de que um eventual escapamento radioativo chegasse até Tóquio, algo que a maioria dos especialistas negou.
O nível de radiatividade na central de Fukushima chegou a superar neste domingo em um ponto o limite permitido de 500 microsievert por hora até alcançar os 1.557 microsievert, mas pouco depois se reduziu de novo, para 184 microsievert.
Segundo o Governo, os níveis atuais de radiatividade em Fukushima não são prejudiciais para a saúde.
De acordo com a agência local "Kyodo", apesar de cerca de 180 mil moradores de um perímetro de 20 quilômetros em torno da central terem sido retirados de suas casas, pelo menos 37 pessoas ficaram expostas à radiatividade e se teme que a elas se somem outras 160, que serão submetidas a exames.
A usina nuclear um de Fukushima, ativa desde 1971 e a mais antiga das que se encontram nessa província, conta com seis reatores de água leve em ebulição e obteve no início deste ano permissão para operar pelo menos até 2021.
O terremoto de sexta-feira de nove graus na escala aberta de Richter, o maior na história do Japão, danificou o sistema elétrico da central, enquanto o tsunami posterior afetou o sistema de refrigeração.
O mesmo ocorreu em outra usina situada a dez quilômetros, a número dois (Daini), na qual os responsáveis tentam abaixar a temperatura de pelo menos um reator.
Nas províncias afetadas pelo terremoto, 11 usinas nucleares detiveram sua atividade após o tremor, como estabelece o protocolo japonês de emergência.
O Japão conta com cerca de 50 centrais de energia nuclear em seu território, das quais a maioria funciona com reatores de água em ebulição ou com reatores de água a pressão.
O Governo japonês anunciou que nos próximos dias haverá cortes na provisão de energia e pediu aos cidadãos e às empresas que economizem eletricidade.
Neste domingo, outra usina nuclear em Tokai, na província de Ibaraki (norte de Tóquio), sofreu problemas em seu sistema de refrigeração, segundo a "Kyodo".
Junto às de Fukushima e Onagawa, essa é a terceira central que registra problemas desde o terremoto.