Luciano Coutinho deve ficar no comando do BNDES (Marcello Casal Jr/AGÊNCIA BRASIL)
Da Redação
Publicado em 25 de novembro de 2010 às 09h19.
São Paulo - Fontes com livre acesso ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmaram nesta quinta-feira, 25, à Agência Estado que Luciano Coutinho foi convidado na véspera pela presidente eleita Dilma Rousseff a permanecer na presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e aceitou. Na quarta-feira de manhã, uma autoridade próxima a Lula afirmou à AE que "havia indicações" de que Coutinho continuaria à frente do banco oficial.
Ele foi convocado pelo presidente a viajar para Brasília na quarta-feira, o que alterou sua agenda para uma visita a Belo Horizonte, que ocorre nesta quinta. Ontem, ele participou de um evento em São Paulo e depois foi para Brasília, onde permaneceu até a noite. O presidente do BNDES chegou à capital federal no começo da tarde de ontem e se reuniu com Lula e Dilma.
A presidente eleita fez o convite a Coutinho e traçou recomendações sobre a estratégia que espera que o BNDES adote para os próximos quatro anos. O novo governo quer estimular os investimentos de longo prazo, especialmente em infraestrutura, a fim de aumentar a capacidade produtiva do País e elevar o Produto Interno Bruto (PIB) potencial.
Dilma está convencida de que a ampliação dos investimentos de longo prazo, com boa gestão fiscal, é o melhor antídoto para conter a alta da inflação, ao mesmo tempo que permitiria que o Banco Central (BC) iniciasse uma trajetória de constante queda da Selic.
Na avaliação do novo governo, a queda dos juros, com inflação baixa, é o cenário adequado que vai garantir a continuidade do desenvolvimento social nacional, com melhora da distribuição de renda e aumento da geração de empregos. Dilma tem como objetivo erradicar a miséria do País em 2014, o que vai requerer que 21 milhões de pessoas saiam daquela condição em quatro anos.
Para a presidente, um esforço mais forte das contas públicas é viável e precisa ser obtido, com ênfase na redução de despesas de custeio da União. Além disso, o aumento dos investimentos públicos e privados são essenciais para ampliar a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) do País e elevar a capacidade instalada das empresas, o que também dará condições para que o BC possa reduzir os juros.
Pelo critério ex-ante, tal taxa está próxima a 6% ao ano, mas a presidente eleita deseja que recue para 2% ao ano em 2014, especialmente com a ajuda da queda da dívida pública líquida, dos atuais 41% do PIB para cerca de 30%.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou ontem à tarde, em entrevista, que recebeu a recomendação de Dilma de que a equipe econômica tem a meta de gerar uma expansão do PIB igual ou maior a 5% nos próximos quatro anos, com inflação sob controle.
Coutinho disse recentemente que o aumento dos investimentos de longo prazo, com destaque para a área de logística, é imprescindível para aumentar a poupança doméstica do patamar atual próximo a 17% do PIB para uma marca entre 22% e 23% em quatro anos. Na avaliação de Coutinho, esse novo nível de poupança interna vai credenciar o Brasil a elevar sua capacidade de crescimento entre 5% e 6% ao ano, com preços sob controle.