Mundo

Corte de benefícios é única saída para crise fiscal na Europa

Estudo do Fórum Econômico Mundial mostra que cortes em aposentadorias e pensões são as únicas medidas que levam a crescimento da economia

Os governos dos países em crise terão que recorrer a medidas impopulares (Milos Bicanski/Getty Images)

Os governos dos países em crise terão que recorrer a medidas impopulares (Milos Bicanski/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 12 de janeiro de 2011 às 17h26.

São Paulo - Se os países da União Europeia quiserem se livrar da crise fiscal que os assombra desde o começo de 2010, terão que trilhar um caminho doloroso. Segundo membros do Fórum Econômico Mundial, a única solução eficiente para Grécia, Irlanda, Espanha, Itália e Portugal é o corte de gastos. Mas o Fórum avisa: os governos terão que se acostumar a enfrentar uma população furiosa.

Ao longo do ano, por causa dos rombos em sua dívida pública, estes países se viram obrigados a adotar medidas extremamente impopulares para reduzir os gastos e impedir verdadeiras catástrofes. Uma delas foi o corte de verba destinada a benefícios como pensões e aposentadorias. Os governos também decidiram aumentar a idade mínima para que os trabalhadores se aposentem.

As medidas geraram inúmeros protestos nas ruas dos Piigs (sigla em inglês com as iniciais de Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha). Mas esta, segundo os economistas do Fórum Econômico Mundial, é a melhor saída para tirar os países da lama o quanto antes.

Um estudo elaborado pelo Fórum mostra que se os governos decidirem aumentar impostos para cobrir suas dívidas, em um ano, as economias dos países terão encolhido quase 1,6%. Por outro lado, se a decisão for a de cortar gastos, no mesmo período, embora ainda haja retração, o impacto será bem menor: 0,2%.

Este resultado não é novidade. Porém, outra conclusão da pesquisa chama a atenção. Os governos não podem tratar da mesma forma cortes de gastos de custeio e cortes nos investimentos, pois eles têm impactos diferentes sobre o Produto Interno Bruto (PIB). Uma redução das despesas correntes, por exemplo, representa uma queda de 0,2% na economia. Já se opção for a de economizar nos investimentos em infraestrutura o resultado é ainda pior. Em um ano os países veriam uma redução de até 0,6%.

A melhor saída é, justamente, a mais amarga para a população. O estudo mostra que cortes em benefícios como aposentadorias e pensões geram crescimento de mais de 0,2% na economia em um ano.

"O déficit público vai aumentar com o envelhecimento da população, e os governos têm que estar prontos para isso. As pessoas terão que trabalhar mais, é a única saída. O problema é que a sociedade não está pronta para isso, basta ver os protestos. Entretanto, o risco de longevidade tem sido muito subestimado. Estamos expostos, e quem vai arcar com estes problemas? A única saída que vejo são profundas mudanças culturais com relação ao trabalho", afirmou Christian Mumenthaler, diretor da Swiss Reinsurance Company, empresa suíça do setor de seguros. 

Acompanhe tudo sobre:Crises em empresasEuropaPiigsPolítica fiscalUnião Europeia

Mais de Mundo

Israel reconhece que matou líder do Hamas em julho, no Irã

ONU denuncia roubo de 23 caminhões com ajuda humanitária em Gaza após bombardeio de Israel

Governo de Biden abre investigação sobre estratégia da China para dominar indústria de chips

Biden muda sentenças de 37 condenados à morte para penas de prisão perpétua