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Corte constitucional francesa anula medidas mais controversas da reforma migratória de Macron

Entre as anuladas estão reintrodução de um crime de permanência irregular, estabelecimento de cotas de imigração e concessão de visto de longa duração a britânicos com residência secundária na França

Os anúncios deram origem a críticas da direita em favor de uma reforma constitucional (LUDOVIC MARIN/AFP/Getty Images)
Estadão Conteúdo

Agência de notícias

Publicado em 25 de janeiro de 2024 às 16h26.

O Conselho Constitucional francês anulou nesta quinta-feira, 25, as medidas mais polêmicas da reforma migratória do presidente Emmanuel Macron , entre elas, a instauração de cotas pelo Parlamento, a limitação do reagrupamento familiar e a criação de um crime de "permanência irregular".

"O Conselho Constitucional censura 32 artigos da 'lei para controlar a imigração, melhorar a integração', que contava com 86", anunciou o alto tribunal, que esclarece que a interpretação modifica outros cinco artigos dessa reforma, cuja aprovação gerou uma grave crise na base governista.

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Os nove "Sábios", como são conhecidos os membros do tribunal, retiraram as restrições impostas ao reagrupamento familiar, ao endurecimento do acesso a benefícios sociais e ao pagamento pelos estudantes estrangeiros de uma "fiança" pelo seu retorno.

Permanência irregular

Outras medidas eliminadas são a reintrodução de um crime de permanência irregular, o estabelecimento de cotas de imigração pelo Parlamento e a concessão de visto de longa duração a britânicos com residência secundária na França.

O alto tribunal superior retirou do texto as principais medidas que a aliança centrista de Macron , que não tem maioria absoluta no Parlamento, acordou com a oposição de direita Os Republicanos (LR) para conseguir o seu apoio em dezembro para esta reforma controversa.

Os anúncios deram origem a críticas da direita em favor de uma reforma constitucional.

Trata-se de uma decisão "política, mais do que jurídica", e, portanto, "uma reforma constitucional parece mais necessária do que nunca para proteger o destino da França!", afirmou o líder do LR, Éric Ciotti, na rede social X.

O endurecimento da lei havia provocado uma crise no partido e no governo, que resultou na renúncia de um ministro. Macron também demitiu quase todos aqueles que criticaram a reforma no início de janeiro, quando nomeou um novo governo, que tomou uma orientação mais à direita.

O ministro do Interior, Gérald Darmanin, comemorou que a corte tenha validado "integralmente" os artigos propostos inicialmente pelo governo e assegurou que nunca uma lei previu "tantos meios para expulsar criminosos" estrangeiros.

Vitória?

Vincular imigração e criminalidade tem sido uma tradicional bandeira da extrema direita na segunda maior economia da União Europeia, o que acabou influenciando a opinião pública. Dois terços dos franceses apoiam um maior controle da imigração, segundo pesquisas.

"O Conselho Constitucional censura as medidas de firmeza mais aprovadas pelos franceses", denunciou o ultradireitista Jordan Bardella, cuja candidatura nas eleições para o Parlamento Europeu lidera as pesquisas na França.

O apoio de última hora da extrema direita à lei em dezembro e a reivindicação por parte de sua líder, Marine Le Pen, de uma "vitória ideológica" nas medidas aprovadas, complicaram a situação de Macron, que sempre se apresentou como um baluarte contra a extrema direita.

A oposição de esquerda reiterou, nesta quinta-feira, que o partido no poder assumiu as "posições históricas" da extrema direita, nas palavras do líder socialista Olivier Faure, como a chamada preferência nacional na hora de acessar benefícios sociais.

"Os piores delírios racistas de Macron e Le Pen violam nossos princípios republicanos (...). A lei não tem nenhuma legitimidade, deve ser retirada", escreveu na rede social X o deputado da esquerda radical Manuel Bompard.

Organizações da sociedade civil também se mobilizaram contra a reforma, levando milhares de pessoas às ruas no domingo. A ONG Anistia Internacional celebrou uma "vitória" nesta quinta-feira e alertou que estará vigilante para que as medidas censuradas não sejam reintroduzidas de outra forma.

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