Dilma Rousseff foi o alvo preferido dos outros quatro presidenciáveis (.)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.
Brasília - O penúltimo debate entre os presidenciáveis antes do primeiro turno das eleições seguiu tom e ritmo parecidos com as rodadas anteriores. Não houve franco vencedor, ainda assim, Dilma Rousseff (PT), favorita à sucessão, foi o alvo preferencial.
Os recentes escândalos da Casa Civil e da Receita Federal permearam os blocos do debate organizado pela TV Record na noite de domingo. O mensalão do PT foi resgatado. Junto com ele, o do DEM, principal aliado da coligação de José Serra (PSDB).
O tucano atacou muito o aparelhamento do Estado e contou com a ajuda de Marina Silva (PV) e Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) para isso.
Ao falar do episódio que derrubou Erenice Guerra da Casa Civil, coube à Plínio dar o primeiro tiro: "Dilma, das duas, uma: ou vocë é conivente ou é incompetente". A frase já havia sido proferida por integrantes do PSDB ao longo da semana passada.
"Nenhuma das duas", rebateu a petista, resgatando o argumento do governo de que a Polícia Federal passou a investigar mais nos últimos oito anos.
"Não vou varrer nada pra baixo do tapete; vou apurar tudo em tempo e rápido", prometeu.
O candidato que defende o socialismo não parou por aí. Afirmou categórico que a petista não tem "autoridade" sobre seu partido. "Esse é o problema da Dilma. Dilma é uma pessoa fabricada, foi fabricada pelo Lula," para acrescentar: "Dilma não é do PT, nunca foi do PT. Nao vai controlar."
Neo-petista, a presidenciável reconheceu a força de sua legenda e apoiou-se na ampla coligação que a segue para dar a réplica. "Um governo não se faz com um partido só, se faz com a nossa capacidade de construir uma coligação...o PT é importante no Brasil e o maior parttido de massa, lamento que vocë tenha esquecido isso."
Serra também se deparou com perguntas delicadas, uma delas sobre a tentativa de esconder o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso de sua campanha, o que ele negou.
"Essa coisa do Fernando Henrique está mal colocada. Eu falo o tempo inteiro das coisas que eu fiz no governo dele."
Dilma não perdeu a oportunidade para cutucar o principal adversário: "Ele sistematicamente esconde o (ex) presidente...Eu, não. Tenho imenso orgulho do governo do presidente Lula", disse a petista.
Ao atacar a "precarização do serviço público", Marina tentou atingir às gestões tucana e petista dos últimos 16 anos. Mas acabou dando a deixa para Serra, que condenou o "aumento vertiginoso" dos cargos de confiança no governo atual e o loteamento da máquina federal.
Nas suas considerações finais, o ex-governador paulista enfatizou sua biografia "limpa e íntegra". "Esse fenômeno de cabide de emprego é muito ruim para o Brasil."
As últimas pesquisas mostraram que a vantagem de Dilma sobre a soma dos adversários caiu mas ainda seria suficiente para vencer a eleição já no primeiro turno, domingo que vem.
Serra e Dilma
Dilma e Serra quase não dirigiram espontaneamente perguntas diretas um ao outro. Somente fizeram questionamento entre si quando eram obrigados pelas regras do debate.
Ignorar o principal adversário é um elemento presente na tática de Dilma nos confrontos na TV, mas acabou sendo pela primeira vez usado pelo tucano. Talvez por essa razão o evento de domingo tenha sido menos tenso que os últimos embates.
Houve poucos tiroteios entre ambos. Nem por isso o tucano deixou de mencionar os recentes escândalos, tampouco a ex-ministra se furtou a questionar a capacidade gerencial do adversário, a resgatar os apagões de energia na era FHC.
"E isso (falta de um plano para o setor) aconteceu quando vocë era ministro do Planejamento."
Plínio e Marina
Os ataques de Plínio foram duros com todos, mas em especial com Marina. Ele a rotulou de "demagoga" ao tratar assuntos espinhosos como aborto e legalização do consumo de maconha.
"Vocë quer agradar a gregos e troianos", alfinetou o representante do PSOL, alegando que, para ambos os casos, Marina sempre recorre à proposta de fazer plebiscitos sem encarar a polêmica.
Em outra ocasião, acusou a concorrente - terceira colocada nas pesquisas - de não ter coragem de enfrentar "os poderosos," e citou passagens de seu posicionamento quando foi ministra do Meio Ambiente. Citou, como exemplo, a transposição do rio São Francisco.
"Competência a Marina tem, o que ela não tem é coragem de enfrentar os interesses dos poderosos", disse, lembrando que ela foi sempre voz vencida quando era ministra do Meio Ambiente.
Marina e Serra
Marina, que conclama uma "onda verde" para chegar ao segundo turno como "terceira via", foi dura com Dilma, mas também focou muita artilharia contra Serra. Seu esforço ficou claro quando pediu ao eleitor que coloque duas mulheres no páreo a partir de 3 de outubro.
Afirmou que o PSDB fez "crítica severa ao Bolsa Família" e agora promete continuá-lo.
"Do meu partido e de mim, jamais recebeu nenhuma crítica, até porque foi continuidade (de programas do governo Fernando Henrique Cardoso)", rebateu Serra.
"As promessas que estão sendo feitas não estão encontrando respaldo na realidade", rebateu a candidata do PV, desfilando números sobre cortes na área social quando este era governador de São Paulo.
Fez suas considerações finais criticando o "promessômetro do Serra" e as alianças políticas de Dilma.
Dilma e Marina
A presidenciável do PV provocou Dilma com o delicado assunto "Erenice Guerra".
"Tenho certeza que no meu período na Casa Civil não teve processo de corrupção que eu tenha tomado conhecimento que não tenha sido apurado", disse a petista.
"É lamentavel que isso tenha acontecido ali bem próximo ao presidente da República. Como é que isso se repetiu duas vezes (mensalão e Erenice) sem que nada tenha sido feito para evitar", indagou a ex-ministra do Meio Ambiente.
Dilma deu-lhe uma resposta dura: "Teve pessoa envolvida na compra e venda de madeira (quando vocë era a titular da pasta). As mesmas providencias tomadas por vocë como ministra (do Meio Ambiente) eu as tomei (como chefe da Casa Civil)."
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