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Correa vê contradição em casos Assange e Pinochet

Correa lamentou que ''nem sequer'' foi dada a garantia de que o fundador do Wikileaks não será extraditado ''para um terceiro país''

Rafael Correa, presidente do Equador: ''Então, com todo o respeito à Grã-Bretanha, sim, acho que existe uma clara contradição e um claro duplo padrão'' (©AFP / Dani Pozo)
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Da Redação

Publicado em 22 de agosto de 2012 às 20h20.

Quito - O presidente do Equador , Rafael Correa, comparou nesta quarta-feira a posição do Reino Unido no caso de Julian Assange com a que o país teve quando negou, em 2000, a extradição de Agusto Pinochet à Espanha e opinou que há ''contradições'' e ''duplo padrão''.

''Enquanto a extradição de um criminoso do nível de Augusto Pinochet, foi negada por motivos humanitários, dizem que têm a obrigação de extraditar Julián Assange'' à Suécia, disse Correa em um encontro com a imprensa estrangeira.

Correa lamentou que ''nem sequer'' foi dada a garantia de que o fundador do Wikileaks não será extraditado ''para um terceiro país, ''falemos claro, Estados Unidos, onde não há garantias de um processo justo e onde existe pena de morte e prisão perpétua por crimes políticos''.

''Então, com todo o respeito à Grã-Bretanha, sim, acho que existe uma clara contradição e um claro duplo padrão'', declarou o chefe de Estado, ao apontar que não conhece em detalhes o direito inglês e que em temas de concessão de extradições ''existe uma grande dose de discrição'' embora, no final, a decisão seja do governante.

Foi justamente o hoje ex-juiz espanhol Baltasar Garzón, atualmente na equipe de defesa de Assange, que ditou em 1998 o processo do ex-ditador chileno Pinochet, que por esse motivo foi detido em Londres e requerido em extradição pela Espanha por crimes de lesa-humanidade.


Em março de 2000 o governo britânico negou a extradição de Pinochet e lhe concedeu a liberdade.

O fundador do Wikileaks, que se refugiou na embaixada do Equador em Londres em 19 de junho, recebeu asilo diplomático do Equador na quinta-feira passada mas não pode sair da embaixada por não ter um salvo-conduto do Reino Unido, que insiste em extraditá-lo para a Suécia.

Na Suécia, Assange, responsável pela divulgação de milhares de documentos secretos, especialmente dos Estados Unidos, é requerido pela justiça para dar depoimentos sobre supostos abusos sexuais, que ele nega.

Consultado sobre a possibilidade de o Congresso dos Estados Unidos negar a extensão das preferências tarifárias (ATPDEA, na sigla em inglês) pela concessão do asilo a Assange, Correa disse que isso seria uma contradição, pois os Estados Unidos ''dizem que não têm nada a ver'' com o caso Assange.

''Que façam o que lhes der vontade, o Equador não vende sua soberania'', disse Correa ao evidenciar o que considera ''duplo moral'' pois a ATPDEA, que vence em julho de 2013, foi implementada como compensação aos países andinos pela luta contra o narcotráfico, um âmbito no qual o Equador ''é um dos países mais bem-sucedidos'', assegurou.

''Fiquem com suas preferências tarifárias e se quiserem alguma contribuição do Equador para um curso de ética e de capacitação em Direitos Humanos, contem com esses recursos'', disse o chefe de Estado.

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Quito - O presidente do Equador , Rafael Correa, comparou nesta quarta-feira a posição do Reino Unido no caso de Julian Assange com a que o país teve quando negou, em 2000, a extradição de Agusto Pinochet à Espanha e opinou que há ''contradições'' e ''duplo padrão''.

''Enquanto a extradição de um criminoso do nível de Augusto Pinochet, foi negada por motivos humanitários, dizem que têm a obrigação de extraditar Julián Assange'' à Suécia, disse Correa em um encontro com a imprensa estrangeira.

Correa lamentou que ''nem sequer'' foi dada a garantia de que o fundador do Wikileaks não será extraditado ''para um terceiro país, ''falemos claro, Estados Unidos, onde não há garantias de um processo justo e onde existe pena de morte e prisão perpétua por crimes políticos''.

''Então, com todo o respeito à Grã-Bretanha, sim, acho que existe uma clara contradição e um claro duplo padrão'', declarou o chefe de Estado, ao apontar que não conhece em detalhes o direito inglês e que em temas de concessão de extradições ''existe uma grande dose de discrição'' embora, no final, a decisão seja do governante.

Foi justamente o hoje ex-juiz espanhol Baltasar Garzón, atualmente na equipe de defesa de Assange, que ditou em 1998 o processo do ex-ditador chileno Pinochet, que por esse motivo foi detido em Londres e requerido em extradição pela Espanha por crimes de lesa-humanidade.


Em março de 2000 o governo britânico negou a extradição de Pinochet e lhe concedeu a liberdade.

O fundador do Wikileaks, que se refugiou na embaixada do Equador em Londres em 19 de junho, recebeu asilo diplomático do Equador na quinta-feira passada mas não pode sair da embaixada por não ter um salvo-conduto do Reino Unido, que insiste em extraditá-lo para a Suécia.

Na Suécia, Assange, responsável pela divulgação de milhares de documentos secretos, especialmente dos Estados Unidos, é requerido pela justiça para dar depoimentos sobre supostos abusos sexuais, que ele nega.

Consultado sobre a possibilidade de o Congresso dos Estados Unidos negar a extensão das preferências tarifárias (ATPDEA, na sigla em inglês) pela concessão do asilo a Assange, Correa disse que isso seria uma contradição, pois os Estados Unidos ''dizem que não têm nada a ver'' com o caso Assange.

''Que façam o que lhes der vontade, o Equador não vende sua soberania'', disse Correa ao evidenciar o que considera ''duplo moral'' pois a ATPDEA, que vence em julho de 2013, foi implementada como compensação aos países andinos pela luta contra o narcotráfico, um âmbito no qual o Equador ''é um dos países mais bem-sucedidos'', assegurou.

''Fiquem com suas preferências tarifárias e se quiserem alguma contribuição do Equador para um curso de ética e de capacitação em Direitos Humanos, contem com esses recursos'', disse o chefe de Estado.

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