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Coreia do Sul quer levantar US$ 50 bi para se unir à Coreia do Norte

Governo sul-coreano planeja criar fundo para bancar o choque fiscal que seria gerado após eventual união das duas nações, separadas há mais de 60 anos

Durante os Jogos Olímpicos de Sydney em 2000, as delegações das duas nações entraram juntas no estádio com uma bandeira que mostrava a unificação da Coreia (Getty Images)

Durante os Jogos Olímpicos de Sydney em 2000, as delegações das duas nações entraram juntas no estádio com uma bandeira que mostrava a unificação da Coreia (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 1 de novembro de 2011 às 14h25.

São Paulo – A Coreia do Sul está planejando criar um fundo neste ano de até 55 trilhões de wons (50 bilhões de dólares) para começar a levantar recursos para arcar com os eventuais custos que serão gerados durante uma possível reunificação com a Coreia do Norte.

O objetivo da operação é evitar que o impacto fiscal da incorporação da Coreia do Norte, cuja economia está bastante afetada por conta das sanções internacionais, prejudique as contas públicas da Coreia do Sul, explica Yu Woo Ik, ministro de Unificação, em entrevista à Bloomberg.

O montante será arrecado por meio de doações voluntárias que serão feitas pela própria população sul-coreana, tanto por quem vive no país como no exterior. Estrangeiros que apoiam a unificação das duas Coreias também poderão ajudar, embora um plano para receber apoio de governos ao redor do mundo ainda não tenha sido traçado.

"As agências governamentais estão perto de um acordo para a criação de um fundo destinado à unificação e espero que os parlamentares aprovem uma legislação ainda neste ano", disse Yu em seu escritório em Seul. "Isso vai unir as pessoas e fomentar seu desejo de unificação”, acrescentou.

O fundo de 50 bilhões de dólares atenderia a um “custo mínimo” de unificação estimado por pesquisadores, que projetaram as perspectivas de gastos para os próximos 20 anos e uma transição pacífica na Coreia do Norte.

O capital levantado pelo fundo não deve vir de um imposto obrigatório aplicado sobre a população sul-coreana, disse Yu. A ideia chegou a ser ventilada pelo presidente da Coreia do Sul, Lee Myung Bak, durante um discurso em 15 de agosto de 2010.


Na ocasião, a Coreia do Norte disse que a proposta era um "pequeno truque" para esconder o objetivo de Lee de colocar um ponto final no regime de Pyongyang, principalmente após 50 sul-coreanos terem morrido em 2010 devido aos ataques atribuídos ao líder norte-coreano Kim Jong Il.

Na ponta do lápis

"A reunificação não irá resultar, como algumas pessoas temem, em uma crise de dívida ou múltiplos cortes nos ratings soberanos da Coreia do Sul", garantiu Kwon Young Sun, economista da Nomura Holdings, citado pela Bloomberg. "A Coreia do Sul poderia distribuir o custo ao longo de gerações e compartilhar o montante com outros países", completou.

O orçamento fiscal da Coreia do Sul, que apresenta déficit desde 2008, deverá ser equilibrado em 2013, conforme projeções do Ministério das Finanças. Com a criação do fundo de 50 bilhões de dólares, as contas públicas da nação do sul não seriam afetadas.

Para se ter uma ideia, a economia da Coreia do Sul é 40 vezes maior que a da Coreia do Norte, que tem contado até com doações de alimentos desde meados de 1990, quando cerca de 2 milhões de habitantes morreram de fome, informa o governo sul-coreano.

Ameaça

A Coreia do Norte, que permanece tecnicamente em guerra com o Sul após o conflito ocorrido entre 1950 e 1953, testou armas nucleares em 2006 e 2009, colocando todos os países da região em alerta, incluindo o Japão.

As autoridades dos Estados Unidos tentaram até uma aproximação para interromper o programa nuclear norte-coreano, mas as negociações não tiveram avanços.

O regime de Kim Jong Il prometeu construir uma "nação próspera" até 2012, mas enfrenta sanções impostas pela Organização das Nações Unidas (ONU), principalmente por conta do programa nuclear .

O ditador comunista está agora preparando seu filho Kim Jong Un para sucedê-lo em meio ao aumento na escassez de alimentos e a "rápida" expansão da desnutrição infantil no país, segundo um relatório da ONU.

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