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Coreia do Sul fará teste em massa contra coronavírus; EUA prometem US$1 bi

Governo da Coreia do Sul, que é o segundo país com maior número de casos, quer se antecipar à aparição de sintomas

Coronavírus: fora da China continental, o surto se espalhou para cerca de 29 países e territórios, com um número de mortos em cerca de três dúzias (China Daily via/Reuters)

Coronavírus: fora da China continental, o surto se espalhou para cerca de 29 países e territórios, com um número de mortos em cerca de três dúzias (China Daily via/Reuters)

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Reuters

Publicado em 25 de fevereiro de 2020 às 10h12.

Última atualização em 25 de fevereiro de 2020 às 10h13.

Seul/Pequim — A Coreia do Sul pretende testar mais de 200.000 membros de uma igreja no centro de um aumento de casos de coronavírus, à medida que os países intensificam os esforços para impedir uma pandemia do vírus que surgiu na China e se espalha agora pela Europa e Oriente Médio.

Cerca de 68% dos casos da Coreia do Sul estão ligados à Igreja de Jesus de Shincheonji, onde se acredita que o surto tenha começado com uma mulher de 61 anos. Não se sabe como ela foi infectada.

A igreja disse que forneceria às autoridades os nomes de todos os seus membros na Coreia do Sul, estimados pela mídia em cerca de 215.000 pessoas. O governo testaria todos eles o mais rápido possível, disse o gabinete do primeiro-ministro.

"É essencial testar todos os membros da igreja", afirmou em comunicado. As autoridades disseram que estavam testando até 13.000 pessoas por dia.

Mais de 80.000 pessoas foram infectadas na China desde o início do surto, aparentemente em um mercado ilegal de animais selvagem na cidade central de Wuhan no final do ano passado.

O número de mortos na China alcançava 2.663 até o final de segunda-feira, um aumento de 71 em relação ao dia anterior. Mas a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que a epidemia na China atingiu o pico entre 23 de janeiro e 2 de fevereiro e está em declínio desde então.

No entanto, surtos de rápida disseminação no Irã, Itália e Coreia do Sul e os primeiros casos em vários países do Oriente Médio alimentaram preocupações de uma pandemia ou disseminação mundial do vírus.

"Estamos perto de uma pandemia, mas ainda há esperança de que as epidemias no Irã, Itália, Corria do Sul etc. possam ser controladas", disse Raina MacIntyre, chefe do Programa de Biossegurança do Instituto Kirby da University of New South Wales.

A Coreia do Sul tem o maior número de casos de vírus fora da China e registrou sua décima morte e 144 novos casos, num total de 977. O presidente Moon Jae-in disse que a situação era "muito grave".

Na Europa, a Itália passou a ocupar os holofotes, com 220 casos registrados na segunda-feira, contra apenas três na sexta-feira. O número de mortos na Itália chega a sete.

Os mercados de ações globais ensaiavam alguma estabilização nesta terça-feira, após fortes perdas na véspera por temores sobre a disseminação do coronavírus.

"Se as restrições de viagens e as interrupções da cadeia de suprimentos se espalharem, o impacto no crescimento global poderá ser mais amplo e duradouro", disse Jonas Goltermann, economista sênior da consultoria de pesquisa Capital Economics, em Londres.

Os militares dos EUA e da Coreia do Sul disseram que podem reduzir o treinamento conjunto devido ao vírus, um dos primeiros sinais concretos de sua repercussão nas atividades militares globais dos EUA.

A divulgação ocorreu durante uma visita ao Pentágono na segunda-feira pelo ministro da Defesa sul-coreano Jeong Kyeong-doo, que disse que 13 soldados sul-coreanos estavam com o vírus.

As forças armadas dos EUA disseram que uma mulher que testou positivo para o vírus visitou uma de suas bases na cidade atingida Daegu. Foi a primeira infecção conectada às Forças dos EUA na Coreia, que tem cerca de 28.500 soldados norte-americanos na península.

As forças armadas dos EUA pediram às tropas que "tomem extrema cautela" fora da base, enquanto os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA disseram que os norte-americanos devem evitar viagens não essenciais à Coreia do Sul.

Isolamento do Irã

Fora da China continental, o surto se espalhou para cerca de 29 países e territórios, com um número de mortos em cerca de três dúzias, segundo um relatório da Reuters.

Afeganistão, Bahrein, Iraque, Kuwait e Omã relataram seus primeiros novos casos de coronavírus, todos em pessoas que estiveram no Irã onde o número de mortos chega a 14, disse a mídia, e 61 infectados.

O surto ameaça isolar ainda mais o Irã. Os Emirados Árabes Unidos, que têm 13 casos de vírus, suspenderam todos os voos com o Irã por pelo menos uma semana, informou a mídia estatal.

O Iraque estendeu a proibição de entrada de viajantes da China e do Irã para os de outros cinco países devido a temores de vírus, informou o Ministério da Saúde.

No Japão, que registrou quatro mortes e 850 casos relacionados principalmente a um navio de cruzeiro, o ministro da Saúde, Katsunobu Kato, disse que era muito cedo para falar sobre o cancelamento das Olimpíadas de Tóquio, que deve começar em 24 de julho.

Os Estados Unidos prometeram 2,5 bilhões de dólares para combater a doença, sendo mais de 1 bilhão de dólares destinados ao desenvolvimento de uma vacina, com outros recursos destinados à terapêutica e ao armazenamento de equipamentos de proteção individual, como máscaras.

A China relatou um aumento de novos casos na província de Hubei, o epicentro do surto. Excluindo esses, a China teve apenas nove novas infecções na segunda-feira, a menor desde 20 de janeiro.

Com o ritmo de novas infecções desacelerando, Pequim disse que as restrições a viagens e ações que paralisaram a atividade econômica devem começar a ser retiradas.

"As áreas de baixo risco ... devem restaurar a ordem na produção e na vida útil, cancelar as restrições de transporte e ajudar as empresas", disse o funcionário do planejador estatal Ou Xiaoli em um briefing.

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