Exame Logo

Presidente da Coreia do Sul declara lei marcial, oposição derruba medida e vê risco de golpe

Líder do país citou "ameaça comunista" da Coreia do Norte ao anunciar medida, que suspende direitos civis

Yoon Suk Yeol, presidente da Coreia do Sul, durante discurso na TV (Jung Yeon-je /AFP)

Publicado em 3 de dezembro de 2024 às 11h40.

Última atualização em 3 de dezembro de 2024 às 16h53.

O presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, declarou uma lei marcial de emergência e acusou a oposição do país de controlar o Parlamento, simpatizar com a Coreia do Norte e paralisar o governo com atividades consideradas antiestatais.

O gesto gera uma crise institucional no país, pois o movimento pode abrir caminho para um golpe de Estado. Pela lei marcial, as atividades do Parlamento são suspensas, por tempo indeterminado. Pessoas podem ser presas sem mandado judicial e a imprensa e os meios de comunicação podem ter seu conteúdo controlado pelo governo.

Veja também

Horas depois do discurso, por volta da 1h na hora de Seul (13h em Brasília) o Parlamento se reuniu e votou pela derrubada da lei marcial, que considerou como tentativa de golpe de Estado. Havia 190 deputados presentes, de um total de 300, e todos foram a favor do fim da medida.Pela Constituição, o Parlamento tem o direito de revogar uma lei marcial.

No fim da madrugada, Yoon anunciou que desistiria da medida.

Confusão no Congresso

Após o discurso de Yoon, militares foram até a sede do Congresso e tentaram barrar a entrada de parlamentares. No entanto, uma multidão contrária à medida do presidente foi até o local. Parlamentares e jornalistas conseguiram acesso ao prédio. Após a votação contra a lei marcial, militares deixaram o local, segundo a BBC e a CNN. Os parlamentares sul-coreanos seguiram no Plenário durante a madrugada.

Crise na Coreia do Sul

+ 4

Após o discurso do presidente, milhares de pessoas foram protestar contra a lei marcial em frente ao Parlamento. Os manifestantes pedem o impeachment de Yoon e seguiam nas ruas próximas à sede do Legislativo mesmo após os parlamentares votarem contra a lei marcial.

Geralmente, a lei marcial é usada em tempos de guerra. A Coreia do Sul tecnicamente continua em guerra com a Coreia do Norte. Um cessar-fogo foi assinado em 1953, mas a guerra nunca foi encerrada oficialmente.

A Coreia do Sul não adotava uma lei marcial desde 1979. O país foi governado por ditaduras ou governos autoritários até 1987.

Ameaça comunista

O chefe do Executivo sul-coreano fez o anúncio de lei marcial nesta terça-feira, 3, durante um pronunciamento de TV que não estava previsto. Ele disse que a medida foi necessária para "erradicar as forças pró-norte-coreanas e proteger a ordem democrática constitucional".

"Para proteger a Coreia do Sul liberal das ameaças trazidas pelas forças comunistas da Coreia do Norte e eliminar elementos anti-estatais, eu declaro lei marcial emergencial", disse o presidente.

"Sem se importar com a vida das pessoas, a oposição tem paralisado o governo por meio de impeachments, investigações especiais, e protegendo seu líder da Justiça", prosseguiu.

"Nossa Assembleia Nacional se tornou um paraíso para criminosos, um antro de ditadores legislativos que buscam paralisar os sistemas administrativo e judicial e derrubar nossa ordem democrática liberal", afirmou.

Yoon disse que a oposição tem barrado recursos para a segurança pública, o que tem tornado o país um "paraíso das drogas".

Minoria no Parlamento

Yoon é presidente da Coreia do Sul desde 2022. Ele teve uma vitória muito apertada, por apenas 0,7 ponto percentual e, com minoria no Parlamento, tem enfrentado muita dificuldade para aprovar projetos.

O presidente Yoon, que faz parte do conservador Partido do Poder Popular, nfrenta um Parlamento dominado pela oposição liberal, formada pelo Partido Democrata e passa por um impasse para aprovar o orçamento do próximo ano.

O líder também está envolvido em denúncias de corrupção, que envolvem sua esposa e altos funcionários do governo.

Acompanhe tudo sobre:Coreia do SulÁsiaDemocracia

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Mundo

Mais na Exame